novembro 17, 2025
SWMTC7Z6OVGVXLYPYOAQ23GD7A.jpg

88% dos professores acreditam que a sua profissão perdeu prestígio e sentem-se excluídos das decisões educativas. Isto é discutido na segunda parte do relatório. Estudo sobre o desconforto dos professores na Catalunhaproduzido pelo sindicato majoritário da indústria Ustec, no ano passado propôs dados sobre as percepções de desgaste e as preocupações do grupo. “Há uma crise de reconhecimento e participação que está a impactar negativamente a profissão”, concluiu o relatório. Devido a esta “deterioração estrutural”, Ustek disse que os sindicatos se preparam para uma manifestação unitária no próximo sábado para exigir melhores condições de trabalho.

Esta quarta-feira, o sindicato Ustek apresentou a segunda parte dos resultados de um macro-inquérito realizado no ano passado, no qual participaram cerca de 14 mil professores de centros comunitários de todos os níveis de ensino. Há um ano foram apresentados os primeiros resultados, refletindo a insatisfação do grupo: 36% pensavam em abandonar a profissão. Neste sentido, é recolhido feedback sobre a carga horária, as condições de trabalho ou o calendário escolar.

Em detalhe, o inquérito realizado pela Ustec revela que os elevados níveis de burocracia são um factor importante no desconforto dos professores, com 84% a dizer que é demais e quase dois em cada três (64%) a dizer que têm uma carga de trabalho excessiva. Com isso, o percentual de professores que admitem não ter tempo suficiente para preparar as aulas é alto: 76%.

Existem outros aspectos das condições de trabalho com os quais o grupo não está satisfeito, como o alto desempenho (79% vêem isto como um problema), enquanto a insatisfação com a remuneração cai para 58% dos entrevistados. A falta de recursos para atender alunos com necessidades e transtornos também foi apontada por 88% dos professores, e 65% estavam insatisfeitos com a formação recebida na universidade ou em cursos organizados periodicamente pelo departamento.

Os professores também são largamente contra a atual jornada de trabalho, com 89% a favor de uma jornada comprimida, sendo que dois em cada três preferem iniciar o curso depois da Díade, como aconteceu há alguns anos.

Um dado interessante da pesquisa é que o decreto-modelo, que dá à gestão autoridade para selecionar professores por perfil, e não por ordem, não causa rejeição por parte da maioria, como acontece no nível sindical. Em particular, esta iniciativa está a causar uma divisão no grupo, com 53% a opor-se, uma vez que, em última análise, beneficia também alguns dos docentes.

O relatório incluía ainda diversas soluções propostas pelos professores, como a redução de rácios, o aumento do número de professores e de pessoal especializado, a redução da burocracia, o aumento de salários ou a climatização dos centros.

Protesto unitário

Para expressar esta insatisfação, os vários sindicatos educativos convocaram este sábado um protesto unido e iniciaram assim a primeira investida contra o governo de Salvador Illa. “Demos a eles um ano para implementar seu modelo educacional, mas foram anunciados muitos compromissos que não foram cumpridos, e isso é decepcionante e nos obriga a agir”, concluiu Yolanda Segura, representante da Ustec. Entre estes acordos não cumpridos, Segura assegura que o Ministério da Educação não respondeu ao apelo à realização de um concurso de transferências regionais para proporcionar cargos permanentes a novos funcionários ou para reduzir a burocracia. “Foi anunciado o plano de desburocratização e ainda não vimos uma única proposta, pelo contrário, cada vez que se anuncia um programa vem acompanhado de um aumento de burocracia”, criticou Segura.

É a redução da carga horária, juntamente com a redução do número de alunos, o aumento do quadro de pessoal e dos salários, que constituem as quatro reivindicações da manifestação. “Somos os professores mais mal pagos do estado. E o que nos diferencia é o abono regional específico (os salários são definidos pelo governo central), que não é atualizado há anos, mas a secretaria já nos informou que não está em processo de atualização”, lamenta um representante da Ustec.