Maiorca, a maior ilha do arquipélago das Baleares, combina paisagens naturais, património histórico e vida urbana. Palma, a sua capital, concentra grande parte da actividade cultural e comercial, e as cidades do interior mantêm tradições que reflectem a identidade da ilha. Cada recanto, das ruas às praças principais, guarda vestígios da história mediterrânica e medieval, criando um cenário único para qualquer visita ao longo do ano.
Durante o período de Natal, há mudanças perceptíveis na rotina diária habitual na ilha. Ruas, praças e espaços públicos estão repletos de mercados, luzes e eventos culturais que permitem que residentes e visitantes se aproximem do quotidiano local e dos costumes tradicionais. A combinação de elementos religiosos, musicais e gastronómicos cria um ambiente que reflete séculos de história e se adapta à vida moderna da ilha, tornando a experiência natalina visível e acessível em todas as zonas e cidades.
Entre essas celebrações, algumas práticas transcenderam fronteiras devido ao seu valor cultural e histórico. A UNESCO reconheceu algumas das tradições natalinas de Maiorca como Património Cultural Imaterial da Humanidade, sublinhando a importância de preservar rituais que combinem música, liturgia e costumes familiares. Esta distinção realça não só a antiguidade destas exposições, mas também a sua validade e capacidade de preservar a memória colectiva da ilha durante as férias.
Cant de la Sibilla e tradições natalinas em Maiorca
Em Maiorca, o Natal é caracterizado por uma interpretação do Cant de la Sibil·la, uma canção que chegou à ilha durante a conquista cristã de 1229 e foi promovida por Jaume I. Este poema sobre o Juízo Final foi originalmente cantado por padres, embora hoje a performance seja cantada por um cantor infantil. Todos os anos, no dia 24 de dezembro, durante a missa da meia-noite, o trabalho é realizado em diversas igrejas, sendo os locais mais emblemáticos a Catedral de Palma e o Santuário de Lluc. Após a cerimónia, as famílias costumam partilhar chocolate quente com ensaymada ou batata coca, mantendo uma tradição que combina gastronomia e convívio familiar.
Os espaços urbanos também fazem parte da celebração. Os principais mercados estão localizados na Plaza España e na Plaza Mayor, onde se vendem artesanato e estatuetas de Natal. Estes mercados permitem aos residentes e visitantes adquirir produtos típicos da época enquanto visitam os locais mais animados da cidade, num ambiente que respeita a organização do quotidiano.
Outra prática notável é a exibição de presépios, presentes em igrejas, locais públicos e algumas residências. Entre eles, o presépio de Cort, localizado na Câmara Municipal de Palma, inclui mais de 170 figuras de cerâmica e torna-se um padrão nas celebrações natalinas da cidade.
A gastronomia natalícia ganha especial relevância no dia 25 de dezembro. A tradição começa com uma sopa, que inclui biscoitos recheados com carne picada, e continua com um segundo prato, que normalmente é o leitão. Estes elementos refletem a herança culinária da ilha e fazem parte da forma como os residentes vivenciam a época, integrando a comida, a família e a tradição numa celebração fiel à cultura local.