A confiança para enfrentar os defesas e a rápida adaptação à Premier League fazem com que seja fácil esquecer a tenra idade de Estêvão.
Até você ouvir sobre um de seus últimos desafios: passar no exame de direção.
Para obter a licença, o jovem de 18 anos precisou da aprovação de um dos maiores nomes da gestão: Carlo Ancelotti.
“Quando estivemos em São Paulo com a seleção brasileira em junho, foi muito agitado. Fiquei pouco tempo lá antes de me mudar para cá (para a Inglaterra)”, diz ele. Esportes aéreos durante uma entrevista exclusiva.
“Deram-me um certo tempo para fazer o exame de condução e depois falámos com o Ancelotti para ver se ele me deixava ir e tirar a carta de condução. Aí o Ancelotti ficou à minha espera à porta para ver se eu passava ou não!
“Eu estava tipo, 'Senhor, passei, passei!' Todo mundo riu muito, foi tão engraçado!”
Mas Estevão não é um adolescente comum e vem provando isso desde que chegou a Stamford Bridge.
Seu futebol elétrico conquistou rapidamente os torcedores do Chelsea, que elogiaram o jogador visto no Brasil como o maior talento desde Vinicius Junior. A mudança para a Inglaterra veio com a bênção do ex-azul Thiago Silva.
“Tivemos uma breve conversa. Ele veio até mim e perguntou se eu queria assinar pelo clube. O clube tinha uma estrutura incrível”, diz Estêvão.
“Fiquei muito feliz porque o Thiago Silva é um ídolo deste clube, foi uma oportunidade incrível.
“Passei o resto do ano antecipando. Assisti a muitos jogos do Chelsea para ver com quem trabalharia aqui e, graças a Deus, está tudo indo bem. Estou muito feliz com a vida agora e tem sido incrível.
“Acho que é a confiança que o técnico, os jogadores e a comissão técnica me passam. E a motivação de todos eles me ajudou a me soltar mais rápido, me fez sentir em casa aqui e mais confortável para poder fazer meus dribles, para ter confiança para fazer as jogadas.
“Não sinto que me adaptei 100 por cento, mas foi melhor do que eu pensava.”
Sua rápida adaptação também se deve à atenção que recebeu quando criança. Estevão tinha apenas 10 anos quando assinou seu primeiro contrato de patrocínio com a Nike.
Sua estreia como profissional aconteceu aos 16 anos pelo Palmeiras e rapidamente se tornou peça-chave do time ao enfrentar as exigências e pressões de uma das equipes mais fortes da primeira divisão brasileira.
“Acho que isso faz você crescer mais rápido. Desde cedo sempre soube lidar com essas coisas, com os holofotes, com as críticas e com os elogios.
“É graças à minha família, que sempre me ajudou. Eles sempre estiveram ao meu lado, sabem como eu sou, sabem que tenho meu jeito de lidar com as coisas”.
A família de Estêvão enfrentou conflitos. Quando lhe foi oferecida a primeira chance de jogar pela academia do Cruzeiro, eles se mudaram de sua cidade natal com dinheiro apenas para pagar o primeiro mês de aluguel.
Não faz muito tempo, o jovem talento jogava futebol descalço nas ruas de Franca, cidade menor do estado de São Paulo. Seu pai é pastor da igreja que abriu na cidade natal de Estêvão, que também inclui um projeto social que visa ajudar 3 mil crianças carentes.
Ele sempre menciona Deus em suas entrevistas, pois a religião é uma grande parte de sua vida. Até sua festa de despedida antes de se mudar para Chelsea foi organizada na igreja de seu pai.
“Deus é tudo para mim. Para minha vida, para minha família”, diz ele.
“Agora podemos ajudar muita gente, o que acho que também faz parte do plano de Deus para a minha vida. É um pouco difícil para meu pai ter uma igreja lá no Brasil enquanto ele vai e volta aqui.
Estevão tem um grande sorriso e uma personalidade tímida. É muito diferente da exuberância que vemos em campo de vez em quando. Em partida da Liga dos Campeões contra o Ajax, após marcar um pênalti, ele arriscou um chute de bicicleta que tirou os torcedores do Chelsea de seus assentos.
“Às vezes nem sei como fazer”, diz ele. “Faço isso naturalmente, como o chute de bicicleta na Liga dos Campeões. Vi a bola e não consegui pensar em mais nada. É instintivo, não sei como explicar. É tão natural para mim.”
Existe instinto, talento e também dedicação. Desde que chegou, Estêvão faz trabalhos extras na academia e passa a maior parte do tempo no clube, onde também tem aulas de inglês.
Ele rapidamente se encaixou no elenco e floresceu sob o comando de seus dirigentes – Enzo Maresca no Chelsea e Ancelotti no Brasil.
“Eles são pessoas incríveis e treinadores incríveis”, disse Estêvão. “Ancelotti me disse que também treinou Maresca (na Juventus), o que é ótimo. Os dois também são italianos!
“Quanto ao Maresca, ele é uma pessoa incrível, uma pessoa maravilhosa que tenta trazer à tona o que há de melhor em mim.”
Entre marcar contra o Liverpool e jogar na Liga dos Campeões, Estêvão também ainda está aprendendo a dominar a direção na Grã-Bretanha – e tentando se acostumar com o frio.
Com tanta coisa acontecendo nos últimos meses, é fácil – até para ele – esquecer a própria idade.
“Às vezes até os caras aqui dizem: 'Você realmente não pode ter 18 anos?!' E até eu mesmo, quando estou no meu quarto jogando videogame, penso: 'Tenho apenas 18 anos'. Eu nem sei como explicar isso.
“Às vezes abrimos mão de muitas coisas na infância. Quando crianças, tivemos que abrir mão de outras coisas para perseguir nossos sonhos. E agora, claro, valeu a pena.”



