Novos dados revelaram a impressionante extensão da propriedade estrangeira na icónica ilha turística de Maiorca: em algumas cidades populares, quase uma em cada duas casas é propriedade de não espanhóis. Novos números explosivos revelaram que os compradores estrangeiros, incluindo milhares de britânicos, possuem agora quase metade de todas as propriedades nas áreas mais desejáveis da ilha.
Os dados, divulgados pelo Departamento de Habitação das Baleares, mostram que o pitoresco município de Andratx tornou-se oficialmente a capital estrangeira da ilha. Assombrosos 48,2% de todos os imóveis residenciais na área estão agora nas mãos de cidadãos não espanhóis. A notícia provocou nova fúria entre os residentes locais, que muitas vezes afirmam que os ricos investidores internacionais os estão permanentemente a excluir do mercado imobiliário.
Os dados cadastrais do ano de 2025 indicam que o número total de imóveis residenciais maiorquinos nas mãos de cidadãos não espanhóis é de 92.030, o que representa 16,02%.
A invasão do capital estrangeiro concentra-se nas jóias costeiras da ilha. Atrás de Andratx, as áreas com maior percentagem de casas estrangeiras são: Calvià, uma das favoritas entre os expatriados britânicos com 43,1%, Deyá (41,8%), Santanyí (39,5%) e Pollensa (37,2%).
Em contraste, a capital da ilha, Palma, permanece em grande parte nas mãos locais, com a propriedade estrangeira a situar-se numa percentagem muito inferior de 14,5%. Em Sóller, uma pitoresca cidade na costa noroeste de Maiorca, existem 1.276 imóveis residenciais em mãos estrangeiras, 19,4% do parque habitacional total.
“Num mercado insular limitado e tenso, o preço acaba por refletir mais o que quem compra como refúgio ou investimento pode pagar mais do que quem aqui vive e trabalha”, afirma o geógrafo Antoni Marcús, segundo o Boletim Diário de Maiorca.
Os números do Registo Predial medem a propriedade estrangeira de bens, mas não diferenciam entre residentes e não residentes. No entanto, Marcús destacou que fontes complementares, incluindo conservadores e notários, indicam que uma proporção significativa das vendas é feita por cidadãos europeus com elevado poder de compra e, em muitos casos, não residentes.
“Isso explica porque o mercado acaba por funcionar segundo uma lógica alheia à capacidade económica da população local”, acrescentou.
O aumento da procura internacional fez disparar os preços do imobiliário nas Ilhas Baleares, tornando-as na região de Espanha mais cara para comprar uma casa. Embora o influxo de dinheiro estrangeiro seja positivo para a economia local e para a indústria da construção, também criou uma “bomba-relógio social”.
Os jovens maiorquinos são cada vez mais forçados a viver com os pais ou a mudar-se para a península porque não podem competir com os grandes bolsos de compradores de países como o Reino Unido, a Alemanha e a Escandinávia.