dezembro 29, 2025
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O incidente de 29 de outubro de 2024 teve um impacto particularmente forte nas pessoas que já se encontravam numa posição vulnerável antes da catástrofe. Às 230 mortes e aos graves danos materiais somam-se outros impactos difíceis de medir: impactos psicológicos, perda de redes de apoio e deterioração da situação daqueles que já eram socialmente marginalizados antes da emergência.

Migrantes ilegais, mulheres vítimas de violência sexista, trabalhadores domésticos e de cuidados, famílias monoparentais, pessoas em risco de exclusão social, pessoas racializadas, minorias religiosas, crianças e adolescentes são apenas alguns dos grupos que mais sofreram no último ano em consequência de uma tragédia que afectou as suas vidas já delicadas e frágeis e que as destruiu para sempre com a mesma força e poder de destruição que a água e a lama naquele dia fatídico.

Isso é o que o programa mostra Assistência psicossocial a grupos vulneráveis ​​afetados pela dana nos municípios de Sedavi e Catarrojapromovido pela ONGD Movimento pela Paz (MPDL), ao qual elDiario.es teve acesso. Afirma que estes grupos são “particularmente atingidos pelos impactos da emergência climática, exacerbando situações perigosas pré-existentes”.

Poucos dias depois das cheias, o MPDL activou um programa de intervenção abrangente nos dois municípios, em colaboração com os serviços sociais municipais, para “garantir o acesso aos direitos fundamentais e acompanhar os processos de recuperação das pessoas mais afectadas”. O projeto é financiado pela Fundação La Caixa, pela Plataforma do Terceiro Setor e pelo Centro de Filantropia para Desastres (CDP).

Restauração da esfera social e trabalhista como eixo fundamental

Desde o início, o MPDL determinou que a reconstrução social e laboral era necessária para restaurar os projectos de vida e reverter as consequências sociais, económicas e psicológicas da tragédia. Assim, nos meses seguintes, foram ministradas formações em setores de grande procura como logística, hotelaria, limpeza, desinfeção e higienização. Áreas que, num contexto pós-crise, permitiram oferecer meios imediatos de acesso ao rendimento às pessoas que perderam o emprego e os meios de subsistência devido à dana.


Assim, acrescentam: “As ações deste eixo permitiram que muitas pessoas afetadas pela dana, especialmente mulheres migrantes e mães solteiras com dependentes menores, recuperassem a autonomia económica básica, um elemento-chave da estabilidade pessoal e familiar após a catástrofe destas características, como um primeiro passo em processos mais amplos de integração social e laboral”.

Atenção jurídica e acesso a direitos

Outro ponto fundamental foi a assistência jurídica gratuita, especialmente relevante para pessoas em situação administrativa ilegal ou que perderam documentos devido a enchentes. Esta intervenção permitiu responder a situações urgentes relacionadas com a imigração, direito laboral e direito administrativo, como perda de documentos, despedimentos ilegais ou dificuldades no acesso a assistência governamental.

Além disso, o MPDL desenvolve oficinas jurídicas informativas dirigidas aos migrantes para melhorar o conhecimento dos direitos e promover a autonomia dos participantes.

Sensibilização, justiça ambiental e coesão social

O programa desenvolvido pelo MPDL inclui também um trabalho de advocacia que visa envolver os cidadãos na construção de sociedades mais justas e inclusivas, com foco nas ligações entre a crise climática, a desigualdade social e os direitos humanos.


Atividades de ONGs.

Neste quadro, o MPDL organizou eventos públicos e emissões de rádio com foco na justiça racial, ambientalismo e feminismo, com ampla participação de organizações comunitárias, activistas, pessoal técnico e representantes institucionais. Estas ações explicam: “Contribuíram para criar um espaço de reflexão coletiva sobre a necessidade de responder às alterações climáticas com foco nos direitos e na justiça social”.

Assistência financeira de emergência

Particularmente nos dias, semanas e meses seguintes, mas também a longo prazo, quando a ajuda em massa motivada pela solidariedade do primeiro impacto desapareceu tão rapidamente como chegou, foi necessária ajuda sob a forma de alimentos, higiene e pagamentos de rendas para as famílias mais afectadas.

No âmbito deste programa, o MPDL prestou assistência a 42 famílias dos municípios afectados. “A assistência nutricional e higiénica tem um impacto direto na saúde e no bem-estar das famílias, permitindo-lhes satisfazer as necessidades básicas e manter uma nutrição adequada. Por seu lado, a assistência ao arrendamento assegura a estabilidade na habitação, o que garante condições básicas como segurança, proteção, proximidade familiar, desenvolvimento pessoal, dignidade, saúde e o exercício efetivo do direito a uma habitação digna”, explica a organização.

Com este projeto, “O Movimento pela Paz reafirma o seu compromisso com uma resposta integrada, baseada na comunidade e centrada nas pessoas aos impactos sociais das emergências climáticas, enfatizando a importância de recuperar dos danos sem deixar ninguém para trás e tendo uma consideração especial e abrangente daqueles que partem de situações de maior vulnerabilidade”, concluem.

Referência