dezembro 11, 2025
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O governo de Salvador Illa quer, sim ou sim, ter orçamentos no próximo ano para não sofrer com as restrições deste ano e com o cansaço das constantes negociações com grupos para aprovar três suplementos de empréstimo – num total de quase 4 mil milhões de euros – que lhe darão algum oxigénio e lhe permitirão lançar um projecto para aproveitar o trabalho do governo. Para atingir este objetivo, o governo não se esquiva de gestos em relação aos seus parceiros de investimento – ERC e Comuns – que ao mesmo tempo são fortes candidatos para acelerar o reporte de 2026. Esta quarta-feira, um desses gestos foi feito sobre um dos temas que gera maior sensibilidade e consenso: o jardim de infância gratuito.

O anterior governo ERC estabeleceu um grande objetivo ao promover esta iniciativa em 2022, começando pela fase Infantil2. A ideia era expandi-lo para o resto da turma do jardim de infância, mas a falta de orçamento e um prazo legislativo apressado paralisaram o seu progresso. O responsável de Salvador Illa quer garantir a continuidade do projecto – por convicção e porque faz parte de uma das condições do ERC para investir em Illa – mas também enfrenta falta de liquidez para o fazer.

Esta quarta-feira, o governo quis fazer um gesto, que também serve de pressão, aos seus parceiros, e a ministra da Educação, Esther Nybo, reuniu-se com os representantes da ERC, Jordi Albert, e com a líder das Comunas, Jessica Albiac, para aprovar a constituição de um grupo técnico que irá “analisar o primeiro ciclo da educação pré-escolar, a fim de resolver o problema da sua gratuidade e universalização”, afirmou o Ministério da Educação em comunicado após a reunião.

O grupo será composto por 10 pessoas (Educação recusou-se a divulgar os nomes) que, durante três meses, estudarão os vários elementos que compõem esta etapa da educação, como financiamento, gestão, enquadramento legal, pessoal… Após este período, o grupo apresentará a sua proposta para “promover a universalização e a liberdade” desta etapa, embora deva também servir de base para o desenvolvimento da futura Lei 0-3. E para além da educação gratuita, o sector enfrenta outras questões importantes que suscitaram protestos nos últimos anos, como a diminuição das taxas, o aumento do pessoal e do reconhecimento profissional, ou a negociação de acordos educativos com escolas privadas.

A gratuidade é mais fácil de conseguir, pois serão necessários apenas orçamentos (embora isso tenha se tornado uma tarefa difícil recentemente), mas a universalidade é outra questão, ou seja, uma garantia de que cada aluno que se inscrever receberá uma vaga. O programa gratuito Infantil2 revelou as necessidades ocultas desta fase: as famílias preferem manter os filhos em casa porque não podem pagar os quase 400 euros que a creche mensal (com cantina) pode custar. O problema é que não há locais públicos suficientes para todos. O governo tentou ampliar a oferta criando novos viveiros com a ajuda de fundos europeus, mas a lentidão dos procedimentos e a falta de recursos para mantê-los no futuro levaram à perda de grande parte desses recursos.

Pressão sindical

Os principais sindicatos também tomaram medidas para aprovar orçamentos. A CCOO e a UGT pediram conjuntamente ao governo que aumentasse a despesa social em 3,6 mil milhões nas contas de 2026 face a 2023. Na conferência de imprensa, os secretários-gerais de ambas as organizações apresentaram as suas propostas e defenderam a necessidade de orçamentos “adaptados” ao atual crescimento económico. “A Catalunha precisa de novos orçamentos, e precisa deles agora. Não podemos continuar a funcionar prorrogando o orçamento a partir de 2023 porque a economia e as prioridades mudaram”, disse o secretário-geral da UGT, Belén López.

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