A líder da oposição venezuelana e vencedora do Prémio Nobel da Paz de 2025, Maria Corina Machado, disse esta quarta-feira ter informações sobre ameaças “diretas” e “sistemáticas” de “execuções extrajudiciais” contra presos políticos venezuelanos detidos na prisão de El Rodeo, localizada no estado de Miranda, perto de Caracas.
Em seu
ALERTA GLOBAL:
AMEAÇAS CONTRA PRISIONEIROS POLÍTICOS NA VENEZUELANas últimas horas, recebi informações sobre ameaças diretas e sistemáticas de execução extrajudicial contra presos políticos detidos na prisão El Rodeo, na Venezuela.
Essas ameaças são…
—Maria Corina Machado (@MariaCorinaYA) 24 de dezembro de 2025
O governo de Nicolás Maduro não comentou a denúncia. O regime chavista argumenta constantemente que a estabilidade do país está sob constante ameaça e que a soberania nacional está sob ameaça externa. Ele também afirmou repetidamente que em nenhuma circunstância permitiria qualquer violação da ordem pública.
Neste contexto, Machado exigiu “ação imediata” das organizações internacionais de direitos humanos, “incluindo mecanismos de proteção e verificação para prevenir execuções extrajudiciais”. Além disso, apelou aos “governos democráticos e aliados”, sem mencionar nenhum deles, “para activarem medidas urgentes de pressão diplomática, monitorização internacional e advertências oficiais para dissuadir o regime de levar a cabo estas ameaças”.
“Exigimos proteção imediata para os presos políticos, acesso a observadores independentes e garantias efetivas de vida e segurança pessoal. Hoje, a vida das pessoas está em risco”, alertou Machado.
Esta semana, a organização não governamental Observatório Prisional Venezuelano (OVP) informou que, segundo depoimentos de familiares e presos políticos, os guardas do El Rodeo I ameaçaram os detidos para os usarem como “escudos humanos” no caso de “possível intervenção dos EUA na Venezuela”.
“É importante destacar que o uso sistemático do medo e da intimidação como mecanismos de controle agrava os riscos reais para a integridade física e mental das pessoas privadas de liberdade”, afirmou a ONG.
As queixas surgem no contexto de tensões crescentes sobre uma presença militar ordenada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nas Caraíbas e no Pacífico Oriental, onde tem atacado navios alegadamente ligados ao tráfico de droga, que o governo de Maduro considera uma “ameaça” de invasão e uma tentativa de promover a mudança de regime.
A Casa Branca acusa Maduro de financiar a máfia das drogas. As tensões aumentaram gradualmente nos últimos quatro meses. O regime bolivariano está a reforçar a sua presença territorial no país, mobilizando forças de segurança do Estado e organizando a sua militância.
À medida que a Casa Branca aumenta a sua agressividade em relação a Miraflores, a tolerância do regime relativamente à existência de oposição política e às suas exigências vai diminuindo. Alguns dos mais respeitados representantes da Revolução Bolivariana alertaram repetidamente a nível interno sobre o que poderia acontecer na Venezuela se os Estados Unidos interviessem militarmente.
Entretanto, o governo de Maduro procura proteger-se aprovando instrumentos jurídicos que lhe permitirão mais espaço de manobra em caso de emergência. As medidas mais importantes visavam punir com severidade incomum qualquer expressão política que apoiasse ou justificasse uma intervenção militar ou qualquer agressão estrangeira específica; ou apoiar sanções internacionais contra a república que estiveram em vigor nos últimos anos.
Na sua última sessão legislativa deste ano, a maioria dos membros do PSUV aprovou uma lei chamada “Garantias de Livre Navegação e Comércio contra a Pirataria no Mar”, que imporia penas de até 20 anos de prisão para aqueles que apoiassem ou justificassem um bloqueio energético ou o sequestro de navios venezuelanos em águas internacionais.
Uma semana antes, o PSUV já tinha aprovado a retirada da Venezuela do Estatuto de Roma, decisão que liberta o regime chavista da jurisdição do Tribunal Penal Internacional.