dezembro 5, 2025
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Um carro movido a nitrogênio ou um sistema de diálise menos invasivo para tratar pacientes com insuficiência renal estão entre os projetos que dezenas de cientistas e empresários estão demonstrando na esplanada do centro de convenções de Morelos. O governo mexicano reuniu nesta quinta-feira inovadores e investidores interessados ​​em projetos no Fórum Ciência e Tecnologia na Sociedade (Fórum STS) e no Innova Fest Latin America. O apelo tenta resolver um dos problemas fundamentais do México: as inovações tecnológicas não permanecem em laboratórios como experiências, mas antes saem às ruas e chegam aos cidadãos.

O ministro da Economia, Marcelo Ebrard, reconheceu que para que novos negócios de ciência e tecnologia entrem no mercado é necessário que tanto o governo quanto os empresários façam apostas e arrisquem seus investimentos neles. “O problema do nosso país é que não existem fundos de risco”, explica. A administração de Claudia Sheinbaum foi instada a dar o primeiro passo, e Ebrard anunciou que o México forneceria 1,6 mil milhões de pesos (cerca de 88 milhões de dólares) em 2026 para financiar projetos científicos. A expectativa é que o setor privado assuma e impulsione o parque inventivo do país. “Projetos que proporcionem ou criem benefício público receberão financiamento”, afirma.

A obrigação do governo mexicano é precisamente encorajar ideias que apoiem o bem comum. A Ministra da Ciência e Tecnologia, Rosaura Ruiz, concentrou-se em projetos relacionados à saúde e em todas as opções possíveis para aumentar a expectativa de vida dos mexicanos. “A exclusão digital separa aqueles que podem ter tecnologia daqueles que permanecem excluídos. Quando as lacunas tecnológicas não são abordadas, a desigualdade aumenta”, comentou. “Para que a ciência seja importante, deve ter impacto na população como um todo”, acrescentou o ministro da Saúde, David Kershenobich.

O Fórum STS também reuniu os fundadores startupsempreendedores e pensadores para o futuro tecnológico global. “Nosso vizinho do norte está fechando suas fronteiras, o México quer abrir suas portas às mentes privilegiadas da ciência e da tecnologia para que possam nos dizer o que nos espera”, comentou Ebrard. As palestras cobriram uma ampla gama de temas: desde eletromobilidade, aeronáutica, genômica e outros.

O México enfrenta um momento difícil com a estagnação do seu crescimento económico, principalmente devido à queda do investimento devido à incerteza global e às remodelações geopolíticas. Os últimos dados disponíveis indicam que o declínio da actividade económica está concentrado na indústria, principalmente na indústria transformadora, energia e infra-estruturas. A presidente mexicana Claudia Sheinbaum passou as últimas semanas desenvolvendo uma estratégia que aumentará o investimento no país. O presidente ainda convidou diretores executivos de empresas multinacionais para implementar projetos relacionados a novas tecnologias, como inteligência artificial e armazenamento de informações em data centers.

O México é conhecido em todo o mundo pelo seu entusiasmo pela invenção de novas tecnologias, com centros de investigação – geralmente associados a universidades ou agências governamentais – a anunciar todos os dias projectos inovadores que, em última análise, não conseguem passar do laboratório para a produção industrial. A virada do parafuso na história da P&D neste país latino-americano parece complicada. Sheinbaum, um cientista energético de carreira, apoiou o financiamento governamental em antecipação a um influxo de investimento privado.

A fórmula do Fórum STS como ponto de encontro de inventores e investidores foi desenvolvida pelo Japão no início do século XXI. O encontro em Morelos contou com a presença de uma importante delegação deste país, pioneiro no desenvolvimento tecnológico. Ebrard chegou a mencionar a relação entre os dois países antes de haver diplomacia entre eles: em 1874, quando o cientista mexicano Francisco Díaz Covarrubias viajou ao Japão com a Comissão Astronómica Mexicana para observar o trânsito de Vénus através do disco solar vindo do Extremo Oriente. “Esta é a única relação internacional que o México organizou por razões de ciência e boa vontade”, disse o ministro da Economia.