dezembro 20, 2025
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O escritor e colunista Lorenzo Silva, vencedor de prêmios literários como o Nadal e o Planeta, e mais conhecido por seu domínio da ficção policial, publica atualmente Athanes Benefits from Sin, um volume surpreendente de contos escritos nos últimos anos. quarenta anos. Do começo ao fim se tece o caminho do escritor, desde quem ele foi até quem ele é, com quem hoje conversamos sobre pecados.

– Eu te perdôo seu pecado.

-Preguiça.

“Ele não pensou nisso por um segundo.”

-Nada. Fiquei muito consciente disso porque é contra isso que tenho lutado durante toda a minha vida.

– Isso não é um sentimento de culpa? Tem uma briga aí?

– Sim, sim, claro. Eu brigo com ele o tempo todo porque ele me impede de ser quem eu sou.

“Sendo um escritor, e não consigo pensar em nada mais trabalhoso do que escrever um livro, não sei como você pode combinar isso com a preguiça.”

— Fazer isso, é verdade, dá muito trabalho, e fiz isso várias vezes. Mas é também quando você começa com a história real. Este é um trabalho muito, muito árduo, sim. Neste momento, quando Robe Iniesta acaba de nos deixar, penso que o disse muito bem quando disse que “não deixarei de lutar contra o inimigo que vive comigo até que o faça render-se”.

– O bom do fato de seu principal pecado ser a preguiça é que, ao praticá-la, você não cometerá outros pecados.

– Sim, sim. Além disso, para realizá-los você terá que investir muito esforço. Isso significaria superar a preguiça. No entanto, não estou isento de nenhum dos outros. Mesmo agora não serei hipócrita. Mas aparentemente o que concentra meus dias é a preguiça.

“Meus livros são muito longos, sofria de logorréia. Mas agora, tendo a oportunidade de escrever 800 páginas, prefiro deixar em cerca de 300.

— Que pecado você considera capital no seu trabalho?

– Logorreia.

-Diga-me.

— Há um lugar em Dom Quixote onde Cervantes pede crédito por não ter escrito tanto quanto poderia ter escrito. Não tanto pelo que escreveu, mas porque quando pôde escrever, se conteve.

– Então, uma parte importante do seu trabalho é a peneiração. Quase contenção.

– Sim, e de novo e de novo. Meus livros são muito longos e sofri de logorréia. Mas agora, tendo a oportunidade de escrever 800 páginas, prefiro deixar em 300. E o que escrevo abrange toda a minha vida, e uma vida muito rica. Mas prefiro procurar a essência, seguir um pouco Stendhal e passar aos detalhes, é aí que está a verdade. Procuro os detalhes que contêm a verdade e o resto pode ser salvo.

-O que é importante na história?

— Parece-me que o efeito iceberg é muito valioso na história. Tudo o que está aí mas você não vê, algo que o narrador sabe mas não aparece que sustenta a narrativa. Sempre presumo que o leitor é sempre inteligente e potencialmente muito mais inteligente do que eu. E o trabalho que você permite que ele faça, ele faz. E ele faz isso pelo bem do livro.

“Sempre presumo que o leitor é sempre inteligente e potencialmente muito mais inteligente do que eu.”

“É como um jogo que você oferece a um estranho que, do outro lado da página, aceita o desafio.

– Só que este é um jogo em que a minha vida está em jogo.

– Bem, pelo menos pão.

– Vida e vida. Jogo há 45 anos. Fiz uma grande aposta.

Referência