dezembro 9, 2025
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A idade média de um construtor qualificado na Andaluzia é de 45 anos. Metade das pessoas que escaparam ao incêndio quando a bolha imobiliária rebentou em 2008 têm mais de 55 anos e irão reformar-se dentro de dez anos. Segundo a consultoria Adecco. Sem mudança de gerações, a situação torna-se mais do que alarmante.como alertam os principais promotores andaluzes.

Os jovens que ingressam não têm experiência anterior e levarão algum tempo para obter as qualificações exigidas. Hoje, encontrar um gerente de construção e até mesmo um oficial de primeira classe é uma tarefa impossível. Aqueles que existem As empresas competem por eles numa guerra de licitações económicas o que acaba por afectar os custos laborais. A única solução que encontram face a esta escassez de mão-de-obra é atrair trabalhadores estrangeiros, principalmente do Norte de África e da América Latina. Eles já representam mais de 20% das equipes de trabalho, mas as empresas de construção enfrentam duras barreiras burocráticas para contratá-los.

Dado este panorama, o público exige urgentemente uma solução para a escassez de habitação a preços acessíveis. Os preços continuam a subir – um aumento de 12% no ano passado – e parecem estar a atingir um limite máximo. “Ainda penso que a estabilidade no mercado imobiliário está muito longe”, admitiu no passado domingo. José Luís Verafundador do promotor sevilhano Grupo GS, em entrevista à ABC. “Enquanto a oferta não aumentar, não haverá freio nos preços”, alertou.

Ele próprio sofre diariamente as consequências de uma escassez de pessoal que já dura há vários anos, especialmente desde a reabertura do sector. Em Sevilha, onde há muita actividade de construção em zonas como Entrenúcleos e Palmas Altas, isto está a afectar mais do que outras zonas. “Há muito trabalho na construção para todos, tenham experiência ou não.mas vemos que não há muita procura por trabalhadores jovens. Sim, encontramos isso entre os estrangeiros, mas não entre os cidadãos”, afirma Vera. Diante dessa situação, “acho que serão necessárias mais oportunidades para que possam ser contratados”.

“Há emprego na construção para todos, independentemente de terem experiência ou não.”

José Luís Vera

Fundador do grupo de empresas GS.

Refere-se a modelos que têm sido utilizados em outros países para dar continuidade às atividades de construção. O grupo empresarial que lidera tem projetos em quase todas as regiões e já se mudou para Portugal, mas “o problema é o mesmo em todo o lado”, afirma.

As inibições e a relutância em ingressar neste setor decorrem da complexidade do trabalho ou da percepção dele, observam alguns relatórios, como o da própria Adecco, mas Rosa VillasecaCEO do Grupo ABU, nega essas acusações. “Talvez pudesse ter sido assim antes, mas agora há um bom acordo, as atividades são rigorosamente regulamentadas, os horários são respeitados, principalmente quando as condições meteorológicas são desfavoráveis, como no verão. Em geral, o setor cumpre as normas de proteção contra riscos ocupacionais.“”, ele ressalta.

O conselho, com mais de duas décadas de experiência no desenvolvimento imobiliário, aponta mais para a perda dessa força de trabalho durante a última crise financeira do que para as duras condições de trabalho. “Depois toda a juventude saiu da indústria e dedicou-se a outras atividades, que são muito difíceis de repor, e obviamente não o conseguimos, embora tudo tenha retomado. Não ocorreu a mudança geracional necessária, e encontrámo-nos numa situação de carência muito grande”, comenta. “Em cinco anos teremos problemas. porque no final, todos aqueles que estão ativos até uma certa idade também se aposentarão. Não vamos encontrar pessoas qualificadas para todo o trabalho que temos pela frente”, lamenta.

“Durante a crise financeira, todo o grupo de jovens abandonou o setor e dedicou-se a outras atividades”

Rosa Villaseca

CEO do Grupo ABU

E o problema não é só andaluz, está generalizado em todo o país, como reconhece Ricardo Pumar, O presidente da Insur numa entrevista recente à ABC, na qual alertou que “reduzir os preços das casas é muito difícil nestas circunstâncias em que os materiais estão a disparar e os custos laborais estão a aumentar devido à escassez de pessoal”. Pumar reflectiu que “durante o boom imobiliário em Espanha, eram construídas 700.000 casas por ano, e agora faltam 100.000… e temos problemas para concluí-las”. Espanha carece de 250 mil casas e, sendo a Andaluzia responsável por 15% do PIB, a região necessitará de cerca de 40 mil casas.

Construção industrial como alternativa

O problema não é apenas dos promotores privados, mas também de empresas estatais como a Emvisesa que enfrentam a mesma situação. Estas entidades estão a promover, mas precisam de recorrer a empresas privadas de construção para construir edifícios residenciais. Nesse caso, Para reduzir o tempo, utiliza-se a utilização de módulos de construção industrial. e feche as lacunas. Em edifícios deste tipo, o novo modelo é mais utilizado, principalmente em peças como barreiras de fachada constituídas por painéis pré-moldados de concreto, mas também é cada vez mais encontrado em interiores contendo banheiros e outras áreas onde cada saída é pré-definida.

“Durante o boom imobiliário em Espanha, eram construídas 700 mil casas por ano; hoje estamos a construir 100 mil.”

Ricardo Pumar

Presidente do Grupo Insur

Toda esta situação também tem impacto direto noutros tipos de negócios, como a renovação de habitações ou a construção de projetos privados. Se há cinco anos os contratos especificavam um orçamento para o ano seguinte, hoje não há sequer prazo. O cliente é colocado em lista de espera e recebe a resposta “ligaremos para você”. Assim, os prazos da licença de construção são cumpridos antes que o tanque de resíduos possa ser instalado.

O trabalho está focado em grandes promoções que estão sendo construídos em Sevilha e na região da capital, onde os contratos têm duração maior e ultrapassam um ano. Isto confere maior estabilidade a um setor sempre caracterizado por uma forte temporalidade. Poucas reformas acabam sendo realizadas dentro da economia subterrânea porque não há alternativa, com os riscos que isso acarreta para os trabalhadores e os prejuízos para os cofres governamentais da Receita Federal e da Segurança Social.