dezembro 9, 2025
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Joe Arlaucas (Rochester, Nova York, 1965), ex-jogador real Madrid e figura histórica do basquete europeu, está mais uma vez na vanguarda do esporte, desta vez por um ângulo diferente: como comentarista de futebol americano. Ao lado de Arvydas Sabonisformou um dos as duplas mais perigosas do continente. Juntos, eles levaram o time branco à vitória na EuroLeague de 1995 e na Liga ACB de 1994. Graças ao seu físico imponente, ao tempo passado na elite e ao seu carisma, Arlaucas agora encarna uma personalidade diferente: um veterano do duro, do físico, do real; uma pessoa que vivenciou o esporte por dentro e agora o analisa de um ponto de vista diferente, NFL. Sua voz dará vida aos jogos para o público de língua espanhola no Dazn.

— Este ano ele fará sua estreia como comentarista de futebol americano. Como você se sente em relação a este novo projeto? Você está animado?

– Muito. Embora já esteja no mundo do basquete há muitos anos, esse projeto de futebol americano me motiva como se fosse algo novo. No ano passado falamos de algo parecido, mas por um motivo ou outro isso não aconteceu. Estou vivendo este ano aos poucos, com calma, mas com muita vontade de dar uma contribuição. Além disso, o impulso que a NFL está trazendo para cá, o jogo entre os Dolphins e os Commanders em Madrid me faz acreditar que o futebol americano na Espanha vai crescer muito.

“Eu gostava muito de beisebol; “E tentei o futebol americano, mas imediatamente percebi que não tinha capacidade de aguentar tantas rebatidas”.

— Todos nós conhecemos seu papel como jogador de basquete, mas de onde vem seu amor pelo futebol americano?

– Na infância. Acho que você nasceu aqui com o futebol; estamos lá com beisebol mais ou menos. Eu gostava muito de beisebol, mas como sempre digo, às vezes você tenta fazer algo que não consegue. Eu também queria ser cantora… mas canto péssimo (risos). Experimentei o futebol americano quando criança porque gostava do contato, mas logo percebi que não tinha capacidade de aguentar tantas rebatidas. Este é um esporte muito difícil. Joguei a temporada para ficar mais forte, pensando no basquete. Quando esses seis meses se passaram, eu disse: “Tudo bem, é isso”. Tirei o capacete, proteção, coloquei uma camisa de basquete e pensei: “Vou jogar, mas mais forte”.

— Você também assistia NFL desde criança ou era apenas um hobby?

– Sempre. Estou te dizendo, sou membro do Miami Dolphins e na minha casa o domingo era sagrado. Minha mãe era italiana: macarrão aos domingos, pão… o de sempre. Eu sempre dizia para ela: “Mãe, cozinhe às 12”, para que pudéssemos comer, sentar e assistir ao jogo. Ela sentou-se em sua cadeira e, se Miami vencesse, eu disse: “Não se levante, você não pode se mover”. Era pura superstição. Minha mãe me disse: “Filho, preciso ir ao banheiro”. E eu: “Não, você não pode”. Eu sou tão louco desde que era criança. Era uma tradição familiar: assistir aos jogos juntos, meus pais, meus irmãos…

— Time favorito da época: Miami Dolphins?

—Miami, sempre.

— Qual jogo você mais lembra?

“Já vi milhões de jogos, mas se tivesse que parar em um, seria o Super Bowl entre Patriots e Falcons.” Brady perdeu por 28-3 no quarto período… e eles voltaram. Foi impressionante. Incrível. Outro: o ano em que os Giants venceram os Patriots com esse movimento colado em seu capacete. Foi impressionante. Já falei sobre os dois Super Bowls, mas também existem ótimos jogos Wild Card e playoffs. Mas a história dos Patriots foi… incrível para mim. Assistir Brady dizer ao seu time: “Vamos vencer este jogo”, enquanto perdia por 25 pontos… e vencendo.

— O que você acha que um atleta precisa para ter sucesso na NFL?

– Boa sorte, boa sorte. Lesões são críticas. Anteriormente, a carreira média do jogador era de dois anos e meio. E muitos contratos nem sequer foram garantidos. As pessoas pensam em dois ou três anos na NFL, mas antes disso jogaram no ensino médio, na faculdade… têm hematomas nos joelhos, nas costas, na cabeça. E muitos não ganharam um centavo. E então você tem que ser um pouco louco. Um chip que é ativado quando você coloca um capacete e diz: “Vamos brincar, brincar e curtir três horas”.

“Um pouco de trabalho vai garantir que você não chegue; e o mais difícil hoje é sobreviver aos momentos ruins.”

— Como atleta de sucesso, que conselho você daria a qualquer jovem que queira ter sucesso neste mundo?

“Todo mundo diz “trabalhe duro”, mas essa é a resposta simples. Sim, acredito no trabalho e também na sorte. Sempre digo a eles: trabalhar mais do que todo mundo não garante nada. Mas trabalhar muito pouco garante que você não alcançará seu objetivo. Isso é certo. E o mais difícil hoje é superar os momentos ruins. Vejo que muitos jovens precisam daquele passo a mais para dizer: “Tudo bem, hoje dei dois passos para trás, amanhã preciso dar quatro passos para frente”. Um dia ruim é igual a um dia bom: você tem que continuar, seguir e seguir.

— Você ainda joga basquete?

– Sem chance. Eu não toco na bola. Isso até me dá nojo. Meus ombros estão terríveis e não consigo atirar. E eu era um atirador. Agora não faço um único lance livre. Também sou autônomo: se quebrar alguma coisa, o que devo fazer? Não tenho mais os médicos que tinha quando tinha 20 anos e o corpo que tinha quando tinha 25. Torcer o tornozelo costumava levar duas semanas; Já se passaram seis meses.

— Você assiste basquete?

— Eu o vejo no trabalho. Não vejo o DIA: eles não me pagam. Isso é compreensível (risos). Euroliga – sim, porque comento os jogos.

“Antes, se seu dedo doía, você jogava da mesma maneira; agora muitas pessoas pensam em suas porcentagens, em seus números…”

— O que, na sua opinião, a equipe precisa para vencer a Euroliga este ano?

– Boa sorte para você também. Claro que existem lesões, mas agora são diferentes: antes, se o dedo doía, você tocava da mesma forma; Hoje em dia muita gente está pensando nos seus percentuais, nos seus números… Essa também é a chave para manter a equipe saudável durante a temporada. Às vezes uma equipe chega a March prejudicada, e no final restaura todos, vence com energia e facilidade. Como Madrid há alguns anos. Outros, como o Fenerbahçe na época, chegaram sem cinco jogadores. Lesões também decidem títulos.

— Como você começou a jogar basquete?

— Graças ao meu pai… Joguei beisebol como todas as crianças dos Estados Unidos, mas ele me aconselhou a tentar jogar basquete.

— Qual foi o papel da sua família – por exemplo, seu pai – no fato de você ter escolhido o basquete como carreira profissional?

“Minha família foi um fator chave. Meu pai me deu um conselho fundamental: ir para a universidade. Isso abriu as portas para estabilidade, estudos e basquete de verdade. Estou convencido de que, sem esse impulso familiar, talvez eu não estivesse falando com você hoje. Foi uma mistura de responsabilidade, oportunidade e convicção. E funcionou.

“Ele viveu numa época que muitos lembram com saudade, aquele casal imparável com Sabonis. Como você vê o basquete hoje em comparação com quando jogava?

– Mudou muito. Em alguns aspectos para melhor, em outros nem tanto. Hoje o jogo é mais físico, mais tático, com mais preparação e profissionalismo. Isto é positivo. Mas sinto falta da parte mais intuitiva: aquele instinto de rua, o talento bruto para marcar, o orgulho competitivo. Agora tudo está mais estruturado, mais comedido. Mas esta é a evolução do esporte. Você tem que aceitar isso.