dezembro 18, 2025
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A cena repete-se cada vez com mais frequência: incêndios florestais que devastam milhares de hectares, chuvas que transformam ruas em rios em questão de minutos, nevascas como a de Filomena que paralisam cidades… Os eventos climáticos extremos não são mais episódios isolados.. A estas somam-se outras crises como a pandemia de Covid-19, o vulcão de La Palma ou um apagão total, tudo em menos de cinco anos. Agora a questão não é mais uma emergência pode acontecer, mas quando e como ela nos alcançará?.

Embora Espanha seja tradicionalmente um país com baixa perceção de risco, esta realidade está a mudar. No barómetro do Centro de Investigação Social (CIS) de abril, 33,2% dos espanhóis afirmaram já ter um conjunto completo de necessidades básicas – com água potável, alimentos não perecíveis, medicamentos básicos, um rádio portátil e uma lanterna. “Não se trata de ser catastrófico ou de pensar que o mundo está a chegar ao fim.mas para evitar situações em que possamos nos encontrar e que não estejam tão distantes quanto pensávamos”, afirma. Iñigo Vila, Diretor de Gestão de Emergências da Cruz Vermelha, 20 minutos.

“Nos últimos cinco ou seis anos, vivemos desastres que antes pensávamos serem uma memória distante. Isto criou muita sensibilidade”, afirma, acrescentando que “é importante quebrar o falso mito de que nada nos vai acontecer” e estar preparado. E é aí que Plano de Emergência Familiaruma ferramenta que, explica, consegue distinguir uma situação controlada de uma situação caótica e difícil de gerir.

Embora alguns possam pensar que um plano de emergência não é necessário, Vila insiste em não minimizar os riscos. “Desastres não são avisados. Ninguém pensava que um vulcão pudesse entrar em erupção ou que uma tempestade de neve iria derrubar Madrid”, dá um exemplo. “Precisamos estar preparados caso tenhamos que sair correndo de casa ou se os canos congelarem e não pudermos ir buscar água”, acrescenta.

Ameaças que mais afetam a Espanha

Embora cada território tenha a sua realidade ambiental, o Instituto Geográfico Nacional (IGN) identifica riscos que afetam periodicamente o país, incluindo incêndios florestais e inundações.

IGN alerta que As inundações são o risco meteorológico mais importante em Espanha devido à sua frequência e consequências. vida económica e humana. As mais importantes são as cheias maciças causadas por chuvas intensas e prolongadas, que afectam grandes áreas, especialmente no Inverno, no norte e no interior; e as inundações repentinas, as mais perigosas porque em poucos minutos transformam ravinas, ravinas e riachos em torrentes mortais, típicas da faixa e dos arquipélagos do Mediterrâneo, embora não excepcionais.

Por outro lado, a Espanha registou alguns dos Os piores incêndios florestais da Europa. Embora as zonas mais afetadas se concentrem no norte, especialmente na Galiza, o incêndio afetou também Castela e Leão, Extremadura e Castela-La Mancha. Além disso, a costa e os arquipélagos mediterrânicos, com os seus ecossistemas mais frágeis, são afetados por incêndios, que causam enormes danos espaciais, alterando a vegetação, o solo, a fauna e os habitats locais.

Por que um plano de emergência pode salvar vidas

Num país onde o risco existe e está a aumentar, a prevenção e a existência de um plano são fundamentais. Este não é um documento complexo ou manual técnico: trata-se de perspectiva o que fazer, como proceder e onde se reunir em caso de emergência. “É preciso antecipar”, insiste Vila. “Gerar automatismos. Se algo acontecer, eu automaticamente sei o que preciso fazer. Não preciso ficar me perguntando se meu parceiro fez isso ou aquilo. Se decidirmos antecipadamente o que fazer em cada cenário, evitamos improvisações.”

O especialista ressalta que é importante que toda família se pergunte: Como podemos nos organizar se tal evento ocorrer? “Trata-se de desenvolver um plano que tenha em conta as necessidades específicas de cada casa: há idosos, crianças, animais, ambos os pais trabalham… Pensar em todo o processo que viveríamos numa situação de emergência”, explica.

Um dos principais problemas é a falta de coordenação. Vila dá um exemplo cotidiano, mas comum: “Ambos os pais podem presumir que o outro foi buscar os filhos na escola. Se não conseguirem comunicar, ambos podem assumir que o outro está a fazê-lo, e as crianças permanecem desorganizadas.” Acrescente-se que em situações de emergência, as comunicações podem falhar, por exemplo devido a falhas de rede, baterias descarregadas ou falta de cobertura. Por isso, também é importante decidir antecipadamente o local da reunião familiar, tanto dentro como fora de casa ou mesmo na vizinhança.

Da mesma forma, as pessoas que moram sozinhas, principalmente os idosos, também devem se preparar. “Recomendo sempre manter contato com alguém próximo, seja um familiar ou um vizinho. Nas aldeias é mais fácil, mas nas cidades há menos sentido de comunidade”, salienta Vila. Os serviços de telemedicina normalmente funcionam, mas podem falhar, por isso é útil ter alguém que, se não for atendido após três dias, possa dar o alarme.

Lista de verificação básica

A Cruz Vermelha recomenda fazer uma lista simples de coisas para colocar na mochila para que você possa agir rapidamente em caso de emergência.

  1. Alimentos não perecíveis e água: o suficiente para pelo menos três dias
  2. Elementos de Segurança e Comunicação: lanterna, walkie-talkie, pilhas, bateria externa e apito para pedir socorro.
  3. Medicamento: Especialmente para doentes crónicos e kit de primeiros socorros.
  4. Documentação: cópias de carteiras de identidade, passaportes, livros de família, documentos, apólices de seguro… Também é aconselhável fazer upload de cópias digitais para a nuvem.
  5. Dinheiro dinheiro em notas pequenas.
  6. Abrigo e proteção: cobertor, roupa térmica ou capa de chuva, produtos de higiene feminina, toalhas molhadas, desinfetante…
  7. Ferramentas: canivete, isqueiro ou fósforos, fita adesiva…
  8. Itens especiais: fraldas, fórmulas e mamadeiras. Comida para animais de estimação, água e coleira.

Segundo Vila, essa mochila permite carregar tempo razoável até que a ajuda chegue, se necessário. “Há situações em que as pessoas terão de esperar, não porque não haja socorro ou serviços de emergência, mas porque não conseguem chegar, seja por causa de um engarrafamento ou porque as circunstâncias não o permitem”, aponta.

Além disso, a organização enfatiza a necessidade de obter informações através dos canais oficiais. “Tem gente que não assiste TV nem ouve notícias, e eu entendo isso. É importante monitorar informações oficiais, como clima, pode alertar sobre eventos adversos e ajudar a mudar hábitos”, afirma Vila.

Mudar planos, cancelar viagens, cancelar uma excursão… as decisões do dia a dia podem reduzir os riscos. Mas para fazer isso é preciso estar ciente do perigo, e isso é algo que continua a falhar na sociedade espanhola. “Achamos que acidentes acontecem com outras pessoas. Mas não existe risco zero.”– resume o diretor de situações de emergência da Cruz Vermelha.

Referência