Narine Abgaryan nasceu na Arménia em 1971, escreve em russo e recebeu vários prémios pelo seu trabalho literário. E três maçãs caíram do céu (Ed. Navona. Barcelona, 2024, 245 pp.) – uma obra coral sobre a vida em Marana, uma aldeia remota da Arménia, no Cáucaso, de onde partiram os jovens, mas da qual os idosos relutam em sair. Uma vida dura num lugar com comunicações precárias (alguns dos personagens principais são analfabetos) e com uma natureza algo hostil (terremotos, fome…), mas onde se pode apreciar um louvável sentido de solidariedade, uma vontade de seguir em frente, com grande respeito pelos mais velhos e antepassados, bem como pelas tradições religiosas e culturais (lendas, costumes, feriados…).
O método de contar histórias dá saltos no tempo e entrelaça as histórias de diversas famílias, tanto do presente como do passado. No final tudo se junta e ficamos com um eco do simples, do íntimo e do maravilhoso em muitos aspectos da vida. Além disso, o início alarmante acaba por se tornar motivo de esperança. O romance está dividido em três partes: para quem viu, para quem isso importava E para quem ouviumais o último capítulo. De certa forma, esta é uma história de amor original em que toda a aldeia e os leitores estão envolvidos.
Boas descrições de lugares, costumes, tarefas, sonhos e diálogos abundantes numa edição cuidada com tradução fiel de Irina Bulgakova e Manuel Angel Chica Benayas.