dezembro 11, 2025
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O Estado de direito triunfou e ao mesmo tempo expôs um enorme fracasso institucional. O veredicto do Procurador-Geral da Câmara Criminal do Supremo Tribunal mostra que, apesar das tentativas de influenciar o processo A legalidade penal foi finalmente imposta pelo próprio Presidium do governo, por grande parte da imprensa nacional e pela falsa utilização do Ministério Público e do Ministério Público. Isto põe fim a um mandato que já tinha sido posto em causa devido a evasões ao poder e que terminou com o toque final indigno de um veredicto de culpa.

A decisão alega que foi o Procurador-Geral ou uma pessoa do seu círculo imediato e com o seu conhecimento que publicou um email que punha em causa os direitos constitucionais de um cidadão que, além disso, mantém uma relação afetiva com o Presidente da Comunidade de Madrid. Poucas coisas minam mais a confiança no poder judiciário do que a forma como alguém que deveria fornecer o devido processo transforma a comunicação cautelosa entre advogado e promotor em uma arma política.

Que uma instituição concebida para ser imparcial e dotada de autonomia constitucional sucumba a estes jogos políticos – por mais branda que seja a punição – é de extraordinária importância. E aqui aparece um facto pouco enfatizado: o Director de Relações Públicas do Procurador-Geral veio da presidência do governo e na altura do julgamento oral continuou a ser o seu confidente de maior confiança. Naquela noite houve um grande fluxo de ligações entre eles, inclusive via WhatsApp. Não é insignificante que esta cadeia de contactos coincida com as horas em que o conteúdo literal do e-mail é divulgado pela primeira vez e a nota informativa é preparada.

A decisão atribui a fuga de correio eletrónico e o subsequente briefing ao mesmo plano: tornar públicas, através de meios formais e informais, informações que nunca deveriam ter ultrapassado os limites estritamente processuais. Portanto, não é verdade que o comunicado tenha ficado “fora dos muros” do processo. Em vez disso, está integrado numa história factual que apoia a crença.

Neste contexto, o papel da Associação Profissional e Independente de Procuradores merece reconhecimento. Com custos internos consideráveis, optou por cumprir o seu dever constitucional e condenar o mais grave episódio de corrupção interna que o Serviço Fiscal alguma vez conheceu.

SOBRE O AUTOR

Juan Antonio Frago Amada

Advogado criminal, promotor de férias e promotor neste caso

Referência