novembro 21, 2025
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A cimeira do clima em Belém passou de uma calma invulgar a um caos total numa questão de horas. E tudo por causa de um incêndio, que obrigou a evacuação da área de negociações no penúltimo dia e, portanto, paralisada durante várias horas.

Agora, Brasil enfrenta último dia de incerteza 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas (COP30) sobre Mudanças Climáticas.

E ele faz isso, além disso, depois de ter reduzido suas próprias expectativas: A Presidência da Conferência do Clima pretendia aprovar o projecto de acordo com dois dias de antecedência. — Provavelmente esqueceram que o CS (quase) sempre termina tarde.

Muitos participantes nesta cimeira afirmam queEsta edição é “mais complexa” que as anteriores.. E normalmente nesta fase das negociações as conversas já estão focadas em um assunto específico que será considerado como definição do CC em questão.

E esse, aliás, foi um dos motivos da chegada do presidente brasileiro Lula da Silva na manhã desta quinta-feira, dia 20. A sua intenção era nada menos do que tentar chegar a um acordo entre as partes através de reuniões ministeriais. Seu objetivo era tomar alguma decisão — qualquer coisa — de uma vez por todas.

Antes de deixar os pavilhões da Cúpula de Belém – muito antes do incêndio que paralisou as negociações – Lula insistiu que a proposta O roteiro para acabar com o petróleo não consiste em “forçar qualquer coisa a alguém” nem “estabelecer prazos para os países pararem de queimar combustíveis fósseis”.

Suavizando sua postura

O que ele realmente pretende fazer é garantir que o grande obstáculo nas negociações – qualquer coisa que tenha a ver com a eliminação de fontes de energia sujas – se torne parte do grande acordo desta cimeira climática e de alguma forma aborde a principal causa das emissões de gases com efeito de estufa responsáveis ​​pelo aquecimento global.

“Precisamos de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. (…) E devemos comece a pensar em como viver sem combustíveis fósseis“, disse Lula antes de deixar Belém, mas não sem antes reiterar que “nada é imposto à CoP, mas sim o consenso é alcançado através de conversas”.

Segundo a EFE, na tentativa de ajudar suavize suas posturas Na noite de quarta-feira a União Europeia apresentou a lista cinco propostas a incluir no projecto de acordo

O Comissário Europeu para Ação Climática, Wopke Hoekstra, disse que a nova proposta “poderia ajudar a presidência brasileira a expandir a aliança por trás dela”. Segundo dados divulgados terça-feira pela Beyond Oil and Gas Alliance (BOGA), mais de 80 países já aderiram, mas o documento está ameaçado a resistência vem principalmente dos principais produtores de petróleo do Médio Oriente.

Questão de gênero

Não são apenas os combustíveis fósseis que estão na fila para a COP. De acordo com informações de Guardiãopaíses conservadores, incluindo o Vaticano e o Irão, estão a promover a ideia uma redefinição mais restritiva do conceito de género para que o texto final seja divulgado nesta cimeira do clima.

O objectivo desta medida será excluir pessoas trans e não binárias, e ameaça complicar negociações já difíceis, informa a AFP.

Mas como eles fazem isso? Num certo sentido, a verdade é bastante curiosa: com notas de rodapé em textos principais.

Assim, são fornecidas interpretações das normas específicas de cada país. Até agora, o Paraguai, a Argentina, o Irão, a Indonésia, a Malásia e o Vaticano incluíram este tipo de nota no projecto de Plano de Acção de Género (GAP), que se destina a orientar o trabalho durante a próxima década.

O Vaticano, por exemplo, incluiria um esclarecimento indicando que entende o género como “baseado na identidade sexual biológica, isto é, masculino e feminino”.

De acordo com relatos dos meios de comunicação britânicos, notas semelhantes poderiam aparecer em textos centrados numa transição justa e no quadro para alcançar uma economia ambientalmente sustentável sem deixar os trabalhadores e as comunidades para trás.

A este respeito, Alicia Bárcena, ministra do Meio Ambiente do México, garante à AFP que “não concorda em nada com o que alguns países incluem nas notas de rodapé da agenda” e considera isso uma “regressão”.

Bridget Burns, diretora executiva da Organização das Mulheres para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, lembra-nos que “se todos os países pudessem acrescentar notas de rodapé a termos importantes como financiamento, ambição ou equidade, não teríamos mais negociações, apenas fragmentação. A igualdade de género é um princípio acordado nesta Convenção; não requer quaisquer condições“.

A questão tornou-se tão premente que a presidência brasileira da COP30 a elevou do nível técnico para o nível político, para que os ministros pudessem tentar negociar um compromisso sobre a questão.