MADRID, 17 de novembro (EUROPE PRESS) –
O governo britânico apresentou esta segunda-feira uma proposta de política migratória que inclui a eliminação dos subsídios aos requerentes de asilo e o incentivo à deportação. A proposta já foi criticada por grupos pró-migrantes, bem como por deputados do próprio Partido Trabalhista, no poder.
A secretária do Interior do Reino Unido, Shabana Mahmood, apresentou esta segunda-feira a proposta na Câmara dos Comuns e argumentou que estas novas restrições eram necessárias porque “o povo britânico acredita que o sistema (de asilo) está fora de controlo e é injusto”. “Eles acreditam porque é assim”, observou ele em seu discurso.
“O fardo sobre este país tem sido pesado. Houve 400 mil pedidos de asilo nos últimos quatro anos. Mais de 100 mil pessoas vivem em instalações de acolhimento e mais de metade dos refugiados ainda recebem assistência oito anos após a chegada”, disse ele.
Mahmood criticou o “absurdo” do atual sistema de asilo e disse que um requerente que pudesse comprar um Audi recebia alojamento e 800 libras por mês em assistência.
“Vamos eliminar o dever de apoiar quem pode trabalhar. É bom que quem recebe apoio pague se puder, para que quem tem rendimentos ou bens possa contribuir para o custo da sua estadia”, afirmou.
A proposta, um documento de 32 páginas, afirma que a assistência seria “discricionária”, com a situação de cada refugiado revista a cada dois anos e meio durante 20 anos – acima dos cinco actuais – durante os quais não poderiam solicitar residência permanente.
“Vamos acabar com a atual obrigação legal de prestar assistência aos requerentes de asilo que não têm outros rendimentos, uma obrigação estabelecida em 2005 de aplicar a legislação da UE que já não é vinculativa para o Reino Unido”, afirma, alertando que “a assistência também estará condicionada ao cumprimento da legislação do Reino Unido pelos requerentes de asilo”. “Vamos punir aqueles que se aproveitam da nossa generosidade”, diz ele.
O Centro de Direitos Trabalhistas do Reino Unido, uma organização não governamental que lidera o programa de caridade, alertou que as mudanças eram um “presente para traficantes e exploradores”. “É muito difícil conseguir um bom emprego se a sua situação for reconsiderada. A maioria dos empresários procura segurança”, o que “os aproxima de uma situação instável”, observou a diretora do Centro, Dora-Olivia Vicol.
EXCEÇÃO
A reforma também inclui a intenção de aumentar o número de expulsões de requerentes de asilo cujos pedidos foram rejeitados porque, segundo Mahmoud, o governo “até agora não teve vontade de demonstrar a dureza necessária”.
Inclui também a ideia de deter e deportar à força imigrantes, incluindo menores. “O governo vai oferecer apoio financeiro a todas as famílias para que possam regressar ao seu país. Se recusarem, passaremos aos regressos forçados. Será aberto o processo de remoção forçada de famílias, incluindo menores”, afirma.
O plano prevê a retomada das deportações para países como a Síria. “Estamos explorando a possibilidade de retornos forçados a países que não participaram deles nos últimos anos, como a Síria”, afirma.
O documento também torna mais rigorosas as condições para o reagrupamento familiar, que deixará de ser “automático”, mas sim o requerente deverá primeiro ter um visto de estudo ou de trabalho para poder solicitá-lo.