novembro 25, 2025
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A reforma tributária para financiar o orçamento do Estado da Colômbia em 2026 morre no Congresso. O tempo passa entre manobras que atrasam o debate no Senado, mesas conjuntas estagnadas e a apresentação negativa da maioria da comissão que estuda o projeto com o qual o governo de Gustavo Petro pretende arrecadar 16,3 bilhões de pesos (cerca de 4 bilhões de dólares) para cobrir o déficit de suas contas. No entanto, a derrota não é completa: em paralelo está a ser analisado outro projeto de lei, conhecido como Lei de Recuperação Económica, que surge como uma alternativa financeira mais viável e foi aprovado no seu primeiro debate na passada terça-feira. Esta medida permitirá que os congressistas desaprovem os aumentos de impostos, que o governo ganhe recursos e que a oposição comemore o colapso da taxa de imposto.

Olga Lucia Velázquez Nieto, representante da Câmara da Aliança Verde e coordenadora-relatora deste Plano B, explica ao jornal que com a ajuda da lei pretendem arrecadar até 12 bilhões de pesos. “O principal é olharmos para onde vem esse dinheiro e não para o facto de o Estado ficar sem financiamento”, afirma. “Esta medida visa evitar o encerramento de cerca de 8.000 empresas que estão hoje à beira da falência”, acrescenta. O projeto inclui benefícios fiscais para empresas em crise, como desconto de 90% em juros, multas e penalidades sobre dívidas tributárias, além de mecanismos de conciliação para litígios. Em suma, trata-se de substituir a habitual proposta fiscal de aumentos de impostos por incentivos para que os inadimplentes se recuperem.

Esta medida já tem críticas: “Este é um mau precedente quando os devedores são libertados sem quaisquer consequências. Dizem aos colombianos que nada acontecerá se não cumprirem as suas obrigações fiscais e que estão à espera de três anos até que chegue a próxima ajuda”, avisa a senadora do EL PAIS Angelica Lozano, do partido Aliança Verde (na verdade, o Tribunal Constitucional já proibiu as amnistias). Além dos benefícios, o projeto de lei de reabertura inclui alguns impostos direcionados a indústrias muito específicas que podem ser defendidas como corrigindo a desigualdade económica.

Por exemplo, ele propõe aumentar a taxa para plataformas estrangeiras de 3% para 6%, como Meta – dona do Facebook ou Instagram – ou Alphabet – dona do Google – que vendem publicidade digital na Colômbia. “A OMS já fala sobre uma pandemia de saúde mental no século 21, alimentada pelas redes sociais”, diz Velasquez. Propõem também alargar o imposto sobre o tabaco aos vapes, cigarros eletrónicos e outros dispositivos de nicotina; ou cobrar 19% de IVA sobre compras de baixo valor em plataformas como Shein ou Temu “para acabar com a concorrência desleal e estimular o comércio local”, explica Velásquez, defendendo a iniciativa de aumentar as taxas sem afetar os grandes impostos ou a maioria dos contribuintes.

A escassez está se tornando cada vez mais significativa

A necessidade de recursos adicionais é óbvia. O governo já tem problemas de fluxo de caixa e, se a tributação não prosperar, o défice orçamental poderá subir para 8% do PIB, um nível sem precedentes na história recente. A deterioração continua e em setembro ascendeu a 98,4 mil milhões de pesos (5,4% do PIB, 27 mil milhões a mais que há um ano), segundo o Ministério das Finanças. Luis Carlos Reyes, o primeiro diretor da DIAN no governo de Pedro, resume grosseiramente: “Isso pode acontecer pelo segundo ano consecutivo, e com a possibilidade muito óbvia de que a reforma que financia o orçamento não seja aprovada. Esta é a crónica de uma morte anunciada”, afirma.

O diagnóstico do economista é banal: “Na Colômbia, o orçamento é percebido como um buraco negro no qual você despeja dinheiro e não sabe quanto dele está sendo usado corretamente”. A acrescentar a esta incerteza está a resistência política a novos aumentos de impostos. “Não vemos vontade”, queixou-se Velázquez, salientando que os presidentes da terceira e quarta comissões do Senado, que devem aprovar a lei fiscal, reconheceram que não há votos suficientes para avançar na legislação de financiamento.

Não é de admirar. O senador conservador Efrain Cepeda disse isso sem rodeios: “Vamos fracassar na reforma tributária no Congresso”, disse ele ao jornal. Tempo. A oposição e os independentes que se opõem à lei fiscal implementaram uma estratégia de adiamento. Por exemplo, no dia 19 de novembro foi convocada uma mesa conjunta para discutir o projeto, mas os dois vice-presidentes da Câmara, os independentes Daniel Carvalho e Juan Sebastian Gómez, recusaram-se a assiná-lo. Sem esse apoio, a proposta não pode ser votada, deixando o projeto de lei fiscal no limbo apenas três semanas antes do encerramento do Congresso para o feriado de dezembro.

O lento colapso foi confirmado na sexta-feira, quando 10 dos 18 senadores da Terceira Comissão apresentaram uma apresentação pedindo o adiamento da reforma tributária. Esta proposta deverá ser a primeira a ser discutida e votada pelas comissões económicas mistas marcadas para esta terça-feira, e basta esta comissão aprová-la para o projeto fracassar. Embora o partido no poder possa recorrer da decisão para outro painel, os esforços estão concentrados no que está mais próximo: o Plano B.