dezembro 9, 2025
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Existem dois tipos de gravações de hinos. preguiçosoque utilizam canções clássicas de Natal sem lhes dar a menor distorção, mas aventureirosem que o músico de plantão ousa criar novos sucessos a partir do nougat, medindo cada verso e cada melodia, para não exagerar no açúcar na receita.

Miguel Poveda acompanhado por Jesus Guerrero violão, arranjos e produção, escolheu a segunda opção em “Árvore da Alegria”uma coleção de bulerias, rumbas e fandangos de Natal que remontam à sua infância humilde na região de Bufala, em Badalona, ​​e que já apresenta num tour que ainda passa por uma dezena de reluzentes cidades espanholas.

— Natal é algo tão flamenco, por que vocês não gravaram esse álbum antes?

– Sim, eles me ofereceram. A família de Fernando Terremoto, que escreveu muitas canções natalinas, me incentivou a fazer algo com eles. Mas era uma responsabilidade porque o Fernando não estava mais lá. Mas depois percebi que já tinham passado cinquenta e dois Natais, e como nos últimos anos passo sempre no palco e acabo sempre por cantar uma espécie de canção de Natal, pensei que seria bom ter o meu próprio álbum de Natal que pudesse ser lançado todos os anos. Por isso e porque foi uma viagem à minha infância.

“Além disso, a paternidade certamente incentiva essas coisas.”

– Bem, sim, acho que sim. Quando você tem filhos, você vivencia o Natal neste lugar maravilhoso e emocionante. Nas ruas, as luzes acendem cada vez mais cedo e, quando você explica por que acendem, você também começa a se preocupar. Faz você querer ser criança para ter a mesma emoção. Eu não quero perder isso.

“Será bom pensar que sua infância foi muito humilde e ver que graças aos seus sucessos você agora pode passar o Natal confortavelmente com seu filho.”

– Sim, sim. Embora quando eu era criança o Natal fosse mais modesto, mas também mais familiar, porque o único motivo era partilhar, reunir-nos. Hoje em dia as crianças só pensam na lista de compras (risos).


“Agora gosto de ficar em casa, vestir minha roupa de anfitriã, receber toda a família e cozinhar para todos.”

Acho que ele está tentando não exagerar.

-Preciso. Deve haver um equilíbrio nisso. Que a emoção não seja só pelos presentes e pelas férias, mas porque este tempo nos permitirá estar juntos, sentar para comemorar, brindar quem não está por perto e estar com a família.

— Você costuma celebrá-los em casa?

— Antes nessas datas era mais para viajar, seja a trabalho ou para comemorar em algum lugar lindo. Mas agora gosto de ficar em casa, vestir a roupa de anfitrião, receber toda a família e cozinhar para todos.

— Você tem um prato estrela?

— Todos os anos faço sopa de galets, com esta massa, com bolinhas de caldo, tudo bem preparado… Este ano, como estou em digressão, pedi à minha família que cozinhasse para mim quando regressasse a casa. Que cuidem de mim, me mimem e me dêem forças para que eu possa continuar o passeio novamente, pois vai até o dia 4 de janeiro. Que bom que estou acompanhada da minha irmã Sonya, que vai comemorar o Natal comigo no palco, dançando de alegria. Ela vem de uma escola de dança bem sevilhana, trabalha na trupe de Eva Yerbabuena e dança cada vez melhor.

– Isso é do Papai Noel ou dos Três Reis Magos? Você decora muito sua casa?

“Eles não celebram os Três Reis Magos na minha casa.” A gente sempre comemora o Papai Noel, mas olha, é uma coisa tão americana (risos)… E sou muito sóbria com a decoração. Acabei de montar uma árvore de Natal e todas as bolas são da mesma cor. Quando visito cidades como Nova Iorque, onde as pessoas enlouquecem pelo Natal, fico impressionado com o culto ao excesso decorativo. Adoro assistir, mas não gosto.

Cantando canções de natal a quarenta graus

Como foi a criação do álbum? Acho que ele teve que se adaptar ao papel de compositor de hinos no meio do verão…

– Foi assim que aconteceu. Durante a turnê, passei dois meses indo e voltando do estúdio em San Fernando. Quando eu tinha fim de semana, ia lá escrever e cantar canções de Natal lá fora, a quarenta graus (risos). Como eu estava fazendo meu primeiro álbum de canções de natal, tive que intervir, colocar um pouco de mim mesmo, aceitar o desafio. Queria oferecer uma leitura muito pessoal do que estas férias significam para mim.

— Pode parecer fácil escrever uma canção de Natal porque existem alguns elementos aos quais você deve se agarrar. Mas talvez o oposto seja verdadeiro e, neste contexto, ser original é mais difícil do que nunca.

– Exatamente. Queria oferecer uma árvore de Natal vazia onde o ouvinte pudesse colocar todos os seus desejos e esquecer todas as más notícias que acumulamos ou as experiências desagradáveis ​​​​a que fomos submetidos ao longo do ano. Precisamos nos permitir um pouco de alegria. O Natal deve ser uma trégua para os nossos corações, um refúgio onde podemos esquecer por alguns dias todas as coisas ruins que acontecem no mundo.

—Há algo que você odeia no Natal?

– Não quero odiar, mas fico atordoado com lugares onde tem muita, muita gente. Mas tudo bem, assim como uma rua de Sevilha durante a Semana Santa. Eu tenho claustrofobia.

-Se você pudesse fazer um desejo neste Natal, qual seria?

—Que todas as crianças do mundo tenham as ferramentas para desenvolver empatia, compromisso e amor pela cultura. Isto é o que é mais necessário para construir uma boa sociedade futura.