Declaração alterando o modelo de acesso nas Forças Armadas
Tribunal Nacional declarou inválidas as restrições de idade estabelecidas Ministério da Defesa é utilizado para garantir o acesso de militares e marinheiros às fileiras de suboficiais e oficiais por meio de promoção interna. A resolução, de 11 de novembro de 2025, afirma que o limite de idade de 34 a 38 anos viola os princípios fundamentais consagrados na Constituição, especialmente a igualdade perante a lei e o direito de acesso a funções públicas em condições de igualdade.
A decisão anula pedidos aprovados em abril de 2022 que mantinham restrições apesar de uma decisão anterior do Supremo Tribunal. Esta resolução já anulou tais medidas, considerando que não há qualquer justificação objectiva para restringir o acesso com base na idade.
O tribunal aponta para uma violação deliberada de direitos
Um dos aspectos mais marcantes da decisão é a afirmação do tribunal sobre as ações do ministério. De acordo com a decisão, a administração manteve as restrições sabendo que já tinham sido emitidas advertências legais e que estavam a ser preparadas alterações regulamentares para as resolver. Segundo o Tribunal Nacional, este comportamento causou danos diretos a milhares de militares que foram excluídos sem fundamento jurídico suficiente.
O Tribunal sublinha que a igualdade de acesso ao serviço público exige critérios objectivos, proporcionados e plenamente justificados. Como essas condições não foram atendidas, a medida foi classificada como discriminatória e contrária aos artigos 14 e 23 da Carta Magna.
Impacto nas pessoas afetadas e possibilidade de revisão dos processos de amostragem
O Sindicato dos Serviços Militares (UMT), autor do recurso, classificou o acórdão como um “marco histórico” na protecção dos direitos profissionais nas Forças Armadas. A entidade argumenta que a anulação abre portas para uma revisão dos processos seletivos em que muitos candidatos foram excluídos apenas por ultrapassarem o limite de idade, agora invalidado.
Do ponto de vista jurídico, esta decisão afeta mais do que apenas chamadas anteriores. Isto também é preparado para o futuro, pois obriga o Ministério da Defesa a repensar os critérios de acesso aplicados à promoção interna e a adaptá-los a um quadro jurídico que evite restrições injustificadas.
Temporariedade, rotatividade e perda de capital humano
A UMT lembra-nos que este problema não é isolado. As restrições de idade, combinadas com um regime de mobilização temporária que terminava aos 45 anos, causaram uma elevada rotatividade de soldados e marinheiros ao longo dos anos. O Grupo observa que esta dinâmica resultou numa perda contínua de pessoal experiente e qualificado, o que teve um efeito negativo cumulativo nas unidades de negócio.
Segundo a associação, a decisão do Tribunal Nacional poderá ter consequências graves para outras reivindicações relacionadas com a estabilidade profissional e o sistema de promoções, especialmente as relacionadas com o impacto da idade na continuidade das carreiras militares.
Ajuste regulatório tardio e ainda insuficiente
A resolução menciona que o próprio Ministério da Defesa reconheceu a necessidade de levantar as restrições através de recentes alterações nos regulamentos. No entanto, o tribunal entende que a correção ocorreu tardiamente e não indenizou quem já havia sido expulso em audiências anteriores.
Embora o ministério ainda não tenha tomado uma posição oficial, fontes legais sugerem que poderá recorrer ao Supremo Tribunal. Esta etapa ampliará o cronograma e atrasará o impacto prático da decisão nos processos internos.
Um debate que reabre o modelo de carreira militar
A UMT confirmou o seu compromisso em manter o diálogo com o Ministério da Defesa para promover mudanças estruturais no modelo de carreira dos militares e marinheiros. Segundo o grupo, o objetivo é garantir uma trajetória profissional baseada na experiência e em critérios objetivos que preservem a igualdade de oportunidades.
Com esta decisão, o Tribunal Nacional reforça a doutrina já estabelecida pelo Supremo Tribunal e volta a pôr em causa as restrições de idade aplicadas em diversas áreas das carreiras militares. Este novo anúncio alimenta um debate que já dura há muitos anos: a necessidade de modernizar os mecanismos de acesso e promoção para garantir que as carreiras sejam consistentes, estáveis e compatíveis com os direitos fundamentais.
O caso deixa pendente um elemento determinante, cujo alcance será fundamental para avaliar o impacto final da decisão e o futuro do sistema de promoção interna sob Forças armadas.