dezembro 1, 2025
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Noventa minutos separam a seleção feminina espanhola de um novo título. Uma versão muito melhorada, mas recebeu um empate da Alemanha que lhe permite ir ao Metropolitano com um empate na final em busca da sua segunda Liga das Nações. Este também será o segundo para Maria Mendes (Oviedo, 24), entusiasmada com a possibilidade de voltar a conquistar o título com a Espanha, satisfeita com a forma como a distância entre o seu Real Madrid e o Barça vai diminuindo com o passar do tempo e entristecida pelo encerramento iminente do Levante, clube onde deu um grande salto, parece estar a enfrentá-lo.

-Estão imersos numa nova final, a quarta em três anos, poucos meses depois da Eurocup. Você está se acostumando a jogar finais?

– Você não se acostuma, sempre respeita qualquer time, mas fica orgulhoso, sentindo a responsabilidade de defender o título e sabendo que na terça temos uma partida muito importante que pode lhe trazer mais um título.

-O que significa tocar num palco como o Metropolitano?

– Será um cenário muito bonito, onde a seleção nunca jogou antes. A Federação tem feito um trabalho incrível, acho que o público será recorde. Os espanhóis estão cada vez mais ingressando na seleção feminina espanhola. Isso é motivo de orgulho para nós e nos dá uma vantagem em campo.

– A final do Euro não foi fácil para você. Isso é uma lasca que pode ser removida?

-Sim, completamente. Em cada final, em cada partida, você sabe que pode ganhar ou perder. Sim, é verdade que, no fim das contas, isso nos prejudicou muito, e por isso perdemos o euro. Mas temos mais um jogo contra eles na fase de grupos das eliminatórias para a Copa do Mundo e estaremos nos preparando para fazer melhor e conquistar a vitória.

– Depois desta derrota, a composição da seleção mudou. O que você acha da chegada de Sonia Bermudez?

-Bom. Bem, aqui nós, os jogadores, não podemos dizer muito. Nós nos adaptamos a quaisquer mudanças se forem para melhor. Pensamos no futebol. Quando a Sonya entrou os resultados foram muito bons, estamos crescendo cada vez mais, formando um grupo com coisas novas e estamos muito felizes.

– Como mudou a escolha depois de Bermudez?

– Cada um tem as suas vantagens, mas é verdade que somos uma equipa que trabalha junta há muito tempo. Quanto mais liberdade e mais podemos desfrutar… Foi o que fizeram, deram continuidade com pequenas nuances que todo treinador e toda comissão técnica tem.

– Também houve mudanças no elenco do Real Madrid. Como você viu e como avalia a atual temporada?

-Estamos em um bom momento, estamos nos aproximando de grandes coisas. Na Liga dos Campeões estamos numa posição muito boa, faltam agora dois jogos para a fase de grupos, mas temos sete pontos e com a vitória penso que já estamos no topo da tabela. Também estamos numa posição muito boa na Liga. Estamos a crescer muito a nível táctico, a nível de jogo, confiamos em todos os jogadores, em todo o plantel. Estamos gostando do jogo, isso é o mais importante, e sonhamos em conquistar o título no curto prazo.

-O Madrid chegou em boa forma, mas perdeu nos clássicos. A diferença voltou a ser maior?

-Para mim não foi isso que vivemos no ano passado ou em outras obras clássicas. O resultado me parece muito complicado pelo que pudemos ver em campo. No final das contas, o futebol se mede em gols e não marcamos nenhum, mas tivemos chances muito mais claras do que nos anos anteriores de podermos ter causado muito mais danos a eles. O jogo foi muito aberto até perdermos um pênalti. Não conseguimos converter as oportunidades, mas elas foram criadas, o Barça sofreu muitos danos e não creio que haja uma lacuna tão grande como poderia ter havido noutros anos. Continuaremos trabalhando para que isso não aconteça novamente e que sejam aproveitadas as oportunidades que tivemos porque conseguimos entrar na área deles, algo que em outros anos foi muito difícil porque eles conseguem entrar e a lacuna está diminuindo cada vez mais.

– O Madrid tem alguma ambição de se aproximar do Barça?

-Não sei se esse sentimento é ambição ou não. Mas a última vez que nos encontrámos foi no ano passado, quando os vencemos, e desta vez penso que a mentalidade da equipa é diferente. No final das contas, você sai sozinho e sai para jogar contra o Barça, assim como sai para jogar contra o Arsenal na Liga dos Campeões. Este é um jogo, de 90 minutos, em que tudo pode acontecer, você não tem medo do adversário, você tem a oportunidade ou a responsabilidade de poder jogar com a bola, de poder atacar na zona adversária. Você não tem medo deles, especialmente porque acho que você tinha medo há muitos anos. Quando você tira de si o fardo de jogar cara a cara, acho que é aí que tudo sai e flui. Obviamente não dá para ficar feliz quando se perde, mas acho que está cada vez melhor, as margens estão cada vez menores e estamos cada vez mais próximos.

– Como sua família percebeu seu desejo de jogar futebol?

-Com total naturalidade. Meus pais queriam que eu fosse feliz, e se minha felicidade é jogar futebol, então faça o que eu quiser. Sempre me apoiaram e a verdade é que posso me gabar disso. Tem outros colegas que não tiveram tanta facilidade por causa do ambiente deles, mas para mim foi muito fácil, sempre me respeitaram.

– O clube onde ela deu um grande salto na carreira pensa em vender a seleção feminina devido às dificuldades financeiras que o clube atravessa. O que você acha?

– Isso me deixa muito triste. Antes de eu chegar, a seleção feminina do Levante era uma equipa histórica. É triste que em tão pouco tempo tenha sido cancelado, abandonado devido a circunstâncias económicas. Mas nós, como jogadoras ou da secção feminina, não podemos fazer muito nesse sentido porque dependemos do clube. Mas é triste, porque muita coisa foi feita na seleção feminina, foram dados passos muito grandes para que ela caia agora em tão pouco tempo.