novembro 19, 2025
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O fraco desempenho das candidaturas presidenciais e parlamentares da coligação de centro-direita do Chile Vamos levantou sérias dúvidas nas fileiras da Renovación Nacional (RN), um dos partidos da coligação, sobre a sua validade ou mandato.

Sim, ok A questão coincide com a luta das correntes internas do RN, que devem colidir entre si durante a eleição de uma nova diretoria. A verdade é que ninguém gostou da perda de deputados e senadores pelas mãos dos partidos Republicano (PR), Nacional Libertário (PNL) e Social Cristão (PSC).

A isto deve-se acrescentar que a ala mais liberal desta coligação, Evopoli, deixará de existir porque, como diz a lei, não obteve o mínimo de 4% dos votos nacionais nem a eleição de quatro representantes, pelo que é forçada a baixar a cortina.

O debate eclodiu naquela mesma noite de domingo, depois que o fraco desempenho do candidato foi divulgado. Evelyn Matteique recebeu apenas 12,46% dos votos, deixando-o em quinto lugar, atrás do libertário Johannes Kaiser com 13,9%; do populista Franco Parisi, que voltou a ficar em terceiro lugar, com 19,7%; e o republicano José Antonio Cast, que avançou ao segundo turno com 23,9%.

O decreto sobre a morte de Chile Vamos foi assinado pelo ex-ministro e ex-presidente do RN Christian Monckeberg, que afirmou categoricamente que a coalizão “completou o ciclo”. Também importante na sua análise é o facto de nas anteriores eleições presidenciais de 2021, onde Gabriel Boric foi eleito, o centro-direita também ficou para trás, em quarto lugar, depois de Caste e Parisi com o seu candidato Sebastian Sichel.

Monqueberg referiu-se ao sucesso do Chile Vamos em levar Sebastián Piñera ao poder, mas agora disse que “as derrotas presidenciais consecutivas, a decisão de não realizar primárias, uma fórmula parlamentar que não garantiu resultados eleitorais máximos e uma história política que não ressoou nos cidadãos obrigam-nos a quebrar a inércia”.

Nova hegemonia

A base do debate, intensificada pelo ex-ministro e apoiada pela recém-eleita senadora do RN Pauline Nunez, também reflete o fracasso da UDI, do RN e do Evopoli nas duas casas do parlamento.

Chile Vamos escolheu 53 deputados em 2021, e nesta eleição caiu para 34, Ou seja, perdeu 19 cadeiras na Câmara dos Deputados, conquistadas por PR, PNL e VNK. Na verdade, a direita radical passou de 15 para 42 deputados, mas a esta derrota soma-se o surgimento do populista Partido Popular, que se autoproclamou oposição e chegou a 13 deputados.

No Senado, as perspectivas da centro-direita não são melhores, pois ganhou apenas 13 senadores (9 RN, 5 UDI e 2 Evopoli), enquanto a direita radical aumentou o número de senadores de um para sete (5 PR, 2 PNL).

A grande questão que paira sobre as sedes dos três partidos é se se deve seguir pelo caminho do rearmamento, da fusão das três comunidades, ou simplesmente colocar uma lápide e juntar-se à onda da extrema-direita – uma questão em que os parceiros de Evopoli não estão envolvidos. A afirmação foi do senador deste partido, Luciano Cruz-Coc, que garantiu que “o Chile Vamos deve formar um elemento comum. E quem não sente que tem essa identidade pode estar integrando o antigo conglomerado conservador que sempre existiu e que hoje é, na prática, o Partido Republicano”.

Dentro do próprio RN há vozes dissidentes, como a do deputado Diego Schalpera, que disse que agora não é hora de definições, mas sim de aderir resolutamente à candidatura de Casta para derrotar Jeannette Haru no dia 14 de dezembro.

Eu estava com pressa

O líder da UDI pensa o mesmo. Guilherme Ramírezque argumentou que era “muito cedo” para pensar em dissolução ou fusão. “Dizer que o Chile Vamos acabou me parece um exagero. Acredito que este é um projeto político completamente justificado e que foi aprovado nas eleições. Parece-me precipitado dizer algo assim. “Quanto a saber se a coligação deve mudar a sua composição, se os partidos devem unir-se ou dividir-se, temos tempo para discutir isso”, minimizou o drama.

Ramirez deixou claro que haverá tempo para analisar o que aconteceu à candidatura de Evelyn Mattei e a razão pela qual os cidadãos não a apoiaram, mas isso terá de ser feito após a segunda volta. “Não vamos pular esse processo porque essa é a fonte do aprendizado. Se pularmos esse processo, apenas enfrentaremos a derrota. Portanto, sejam pacientes”, disse ele.

Estas reflexões foram parcialmente iniciadas no mesmo dia das eleições pelo ex-senador e líder histórico da UDI Pablo Longueira, que disse que muitos erros foram cometidos nos meses que antecederam as eleições, tornando o resultado “previsível”. Entre eles, mencionou as divisões internas que a reforma previdenciária causou no Chile Vamos, que obscureceram a campanha eleitoral de Mattei.

“Não houve comando, não houve organização, Chile Vamos não é uma coalizão, dizemos Chile Vamos para não falar dos três partidos”, observou.