“Até sempre, Rob. Vejo você sempre, sempre, sempre”, escreve o jornal. Hoje da Extremadura. “O rebelde e o talento da Extremadura vão embora” – manchetes dos jornais Jornal Extremadura. “Este dia parece ter prenunciado esta notícia muito triste”, disse por telefone o prefeito de Placencia, Fernando Pizarro, porta-voz do PP. Os moradores de Placentia retiraram seus guarda-chuvas durante as atividades desta manhã. Três bandeiras estão hasteadas a meio mastro na Plaza Mayor. A perda de seu vizinho mais famoso, Robe Iniesta. Robedele Robedeixou esta cidade de 45 mil habitantes ao norte de Cáceres em desordem.
Pizarro diz que soube disso na madrugada por mensagem de WhatsApp de um sócio do cantor. Que todos aqui sabiam que o líder do Estremoduro estava doente. Que ele se aposentou para melhorar. Eles ansiavam por seu retorno aos palcos. Que sua partida foi muito inesperada. Que colocaram um livro de condolências na Câmara Municipal ao lado de uma pintura do rosto desgrenhado de Rob pintado por Isabel, um homem com problemas de saúde mental que fazia parte de uma associação que fazia artes plásticas com o cantor. E esta Placencia, segundo o prefeito, teve a honra de ser o lugar onde Rob nasceu. “Ele saiu como os grandes, sem fazer barulho. Ele era modesto e reservado.”
Pouco se fala de outras novidades nos bares e lojas deste município de 45 mil habitantes. história As páginas do Instagram estão repletas de canções do seu filho pródigo, aquele que nasceu neste recanto da Extremadura há 63 anos. Para entender o impacto de Rob na sua cidade, basta perguntar a qualquer vizinho. Quase todo mundo tem uma história próxima com ele. Bom, porque eles já o viram em suas ruas de paralelepípedos. Porque eles conhecem a família dele. Porque são amigos de seus filhos, Caim e Naum. Porque eles têm seus próprios registros. Porque eles foram aos shows dele. Porque já o tinham visto banhar-se no rio Kherte. E ainda pular da ponte da famosa Playa El Benidor, uma piscina idílica a poucos quilômetros da cidade.
Ou talvez seja suficiente voltar a 1989, alguns meses antes do lançamento do primeiro álbum. rocha transgressora, quando o próprio Robe pediu aos seus vizinhos 1000 pesetas para financiá-lo. Seis anos depois, sem saber, a população de Placentia viveu um concerto único e irrepetível. Isso aconteceu em 14 de outubro de 1995. “O céu coberto de estrelas o cobriu”, dizia a crônica do show em Norte da Estremadura. Sem querer, foi um adeus, um adeus inesperado. Várias gerações de residentes de Placentia cresceram sem ver o seu ídolo local ao vivo durante 13 anos (1995-2008).
Foi uma história de desentendimento com o prefeito do PP. “Não vou facilitar o consumo de álcool e outras drogas aos jovens”, disse na altura o vereador José Luis Diaz, anunciando a proibição de concertos de Extremoduro, Dover e outros grupos. “Essas apresentações envolvem ruído e sujeira antes e depois da apresentação.” O EL PAÍS chegou a ser manchete: “O prefeito tem medo do rock”. Dover reagiu ao comportamento de Diaz com “risos e raiva”. E anunciaram que lhe enviariam uma cesta de frutas junto com uma caixa de cerveja sem álcool.
Robe, o Sibilino, respondeu-lhe com uma carta contendo os versos de Miguel Hernandez: “Devemos destruir-vos nas vossas missões, nos vossos palcos, na vossa diplomacia. Com metralhadoras e canções calorosas atiraremos em vós, desgraças pré-históricas. Porque saibam: carregamos muita verdade, cravada nos nossos corações, fluindo dos nossos lábios: e a juventude de ferro da vida vos vencerá, porque para tal força não basta tanto mal.”
Estremoduro, claro, continuou a percorrer Espanha, mas agora longe da sua cidade natal. O mais próximo era Cáceres, a cerca de 80 quilômetros de sua casa. Como alguém pode esquecer o dia 6 de julho de 2002, quando, poucas horas depois do show, Rob falou na televisão local. “Aqui estou”, disse ele, “me aproximando da cidade. Somos cruéis e adoramos foder.” No final, talvez caso não tenha ficado claro antes, ele admitiu: “Eu caguei no prefeito”.
Em 2004, os socialistas devolveram o poder a Placencia. “É claro que gosto mais da cidade agora”, disse Rob. Jornal da Extremadura. E quatro anos depois ele voltou novamente. Foi um concerto antológico e apoteótico. Na véspera das feiras de junho, em 31 de maio de 2008, eclodiu uma tempestade diabólica. Há rumores de suspensão por toda parte. Não houve aquecimento. O campo de futebol municipal estava coberto de terra e cerveja. Os vizinhos rezaram à Virgem do Porto, sua padroeira, para que estancasse a inundação o mais rápido possível e, se possível, imediatamente.

E a chuva parou. Três tecidos pendurados no teto acima do palco. O da esquerda caiu primeiro, entre os acordes de seu Deltoya. A segunda caiu: “O fogão apagou, nada funciona, cadê a luz? O que tem nos seus olhos?” E finalmente o do centro caiu. E lá estava Rob, de novo e de saia: “Chegamos”. Aqueles que estavam nas primeiras filas quase acabaram fora do local.
Sete anos e seis álbuns depois, os conservadores populares reclamaram a Câmara Municipal local, com Fernando Pizarro prometendo construir a rua em seu nome. “Eles me disseram que iriam me dar um, e eu pedi um palácio”, Rob, 56, respondeu brincando em outra entrevista em Rádio 3.
Já de guerra fria Uma vez terminado, Rob incluiu Placencia na sua digressão a solo com músicos da Extremadura e após mais nove anos de ausência. O vereador que o anunciou foi Luis Diaz, filho de José Luis Diaz, o vereador que o proibiu de jogar por 13 anos. E Robe perdoou 41 mil euros gastos no concerto ao tesouro da Câmara Municipal. popular.
Agora, a notícia de sua morte mudou todos os planos para 2026, quando a cidade finalmente o homenageará como merece. Em novembro passado, todos os vereadores (incluindo Vox) votaram para nomeá-lo como seu filho favorito.
Agora, depois do Natal, foram feitos planos para abrir um centro de ensaios para bandas locais que levassem seu nome. Haverá também um mural pintado por um dos maiores grafiteiros da região. Finalmente, na próxima primavera estava prevista a entrega de uma placa com o nome da sua rua, inaugurada em agosto passado: “Avenida Roberto Iniesta Ojea, Robemúsico, poeta e alma de Estremoduro.” Sob este signo, claro, lê-se um excerto de um dos seus lendários poemas. Para alguns aqui, talvez o melhor seja: “Acho que foi de Placencia”.