Quando o atleta Erik Ahlström se mudou da pequena cidade montanhosa de Are, no norte da Suécia, para Estocolmo, algo o surpreendeu mais do que o ritmo da cidade: a quantidade de lixo que se acumulava em parques e trilhas. Acostumado a trabalhar em condições … produto puro e natural, ele começou a coletar resíduos durante os treinos. E o que começou como um gesto pessoal transformou-se num movimento global. Ahlström apelidou a prática de plogging, combinando a palavra sueca plocka upp (coletar) com jogging (correr). A ideia era tão simples quanto poderosa: usar a atividade física para limpar o ambiente.
Hoje, sete anos depois, a iniciativa espalhou-se por toda a Europa, onde ganhou seguidores através de redes e da participação de grupos locais que organizam reuniões para limpar parques, praias e áreas naturais. Sua prática não exige muitos recursos, mas exige algum preparo: roupas confortáveis, tênis, luvas e sacos separados para triagem de resíduos. Ao longo do percurso, eles combinam corrida com flexão e alongamento para coletar detritos. Em apenas cinco quilômetros, vários quilos de lixo podem ser removidos, transformando a rotina esportiva em uma atividade com impacto no meio ambiente.
É um treino completo porque você pode queimar cerca de 300 calorias em apenas meia hora, em comparação com 235 calorias em uma corrida normal. Antes de começar a se exercitar, é aconselhável fazer alongamentos de 10 a 15 minutos. Por razões de higiene e segurança, recomenda-se a utilização sempre de luvas e sacos, preferencialmente reutilizáveis, que permitem proteger as mãos e entregar todos os resíduos recolhidos para posterior classificação ou reutilização.
Em Espanha, o movimento ganhou força através de iniciativas como a Plogging RRevolution, uma associação fundada em Alicante em 2018 por David de Castro, um apaixonado entusiasta do plogging que veio participar no primeiro campeonato mundial a ser realizado no Japão em 2023, o Spogomi World Cup. Militar de profissão, ele observa que esta disciplina combina suas duas grandes paixões: o esporte e a proteção do planeta. “É avaliado pelo tempo e quantidade de resíduos recolhidos, bem como pelo tipo de resíduos. Às vezes até podemos encontrar sofás, janelas ou outros objetos grandes que, embora estejamos a perder tempo e a subtrair à concorrência, não podemos continuar a deixar abandonados. Os resíduos podem ser deixados em pontos de recolha e posteriormente recolhidos para facilitar a reciclagem”, explica De Castro.
Até 3 toneladas de lixo
No entanto, salienta que este não é um desporto apenas para profissionais e que o Plogging RRevolution organiza eventos adaptados à idade e condição física de cada grupo de pessoas. Para isso, além das competições, realizam dias de caminhada ou catação, que combinam outros esportes ao ar livre, como a canoagem para coleta de lixo em ambiente aquático. Várias condições e oportunidades reúnem-se no Plogging Fest, um concurso de limpeza de dois dias único em Espanha. David insiste que não é apenas a reunião e a competição que é importante, mas também o trabalho de sensibilização. Para isso, estabelecem parcerias com câmaras municipais, empresas e centros de educação para promover hábitos sustentáveis que vão além dos eventos desportivos. “No momento, infelizmente, nunca voltamos de mãos vazias. O dia em que isso acontecer é quando o planeta finalmente vencerá”, afirma.
Esta disciplina já é praticada em mais de 110 países e continua a crescer. Ajuntamentos de massa são realizados em cidades como Paris, Nova Iorque e Tóquio, e a Itália acolhe anualmente o Campeonato Mundial de Plogging, onde os participantes competem não só na velocidade, mas também na quantidade e tipo de lixo recolhido. Os números falam por si: mais de três toneladas são coletadas em um evento, com média de 2,2 quilos de lixo por quilômetro percorrido.
Os desafios virais estão a espalhar-se nas redes sociais, como o #PloggingChallenge, que incentiva as pessoas a percorrer quilómetros e a encher sacos, enquanto as empresas utilizam-no para formação de equipas ou voluntariado ambiental. Nomeações que, como observou David de Castro, vão além da competição e se tornam um fórum global de educação ambiental e de cooperação entre grupos com o mesmo objetivo: preservar a pureza dos espaços naturais.