dezembro 6, 2025
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O Partido Popular (PP) aumentou a pressão sobre o governo em consequência da Lei de Regulamentação do Trabalho (ERE) que a Telefónica está a combater com os sindicatos, uma alteração que, segundo a sua abordagem inicial, teria afectado cerca de 6.000 funcionários, aproximadamente 24% da força de trabalho. Dada a alegada “inação do poder executivo”, o Partido Popular deu um passo em frente ao exigir a comparência do presidente da COP, Mark Murtra, perante o Comité Misto de Segurança Nacional do Congresso.

A razão oficial para este pedido é que Murtra detalhe o novo plano estratégico da Telefónica para o período 2026-2030, um roteiro popularmente considerado de “interesse para a segurança nacional”. O plano, divulgado em 4 de novembro, inclui um ambicioso programa de eficiência através do qual a empresa pretende reduzir custos em 2.300 milhões de euros até 2028 e alcançar poupanças de 3.000 milhões de euros até ao final da década. No âmbito deste ajustamento, a empresa prevê também reduzir para metade o dividendo por ação até 2026, deixando-o em 0,15 euros por ação, e aplicar o ERE a sete empresas do grupo, sendo que o número final de empresas afetadas será finalizado após negociações.

Além do pedido de comparecimento apresentado ABC, O PN registou uma série de questões parlamentares dirigidas ao governo, que carecem de resposta escrita. Estas questões centram-se nos despedimentos em massa que procuram reabrir fissuras na coligação governamental devido a posições opostas que surgiram dentro dela.

Enquanto a parte socialista do executivo permaneceu à margem, argumentando que a participação de 10 por cento do Estado através da Sociedade Estatal para a Participação Industrial (SEPI) não era suficiente para influenciar a gestão, a Segunda Vice-Presidente e Ministra do Trabalho, Yolanda Diaz, quebrou o silêncio, chamando a ERE de “indecente”. Diaz declarou publicamente em 25 de novembro: “Discordamos totalmente que uma empresa que obtém lucros e investe recursos públicos esteja demitindo milhares de trabalhadores”. A Ministra enviou uma carta à Presidente da SEPI manifestando o seu desacordo.

O PP está perguntando diretamente a Diaz “quais ações específicas” seu departamento tomou para evitar cortes de pessoal. Também exigem saber se o governo instruiu Carlos Ocaña, conselheiro que o representa no conselho de administração da Telefónica, a se posicionar contra as demissões. O ataque procura apontar a “responsabilidade partilhada” do executivo pela sua omissão num contexto em que o Estado é o acionista relevante, cuja percentagem foi decisiva, como na substituição de José María Álvarez-Palleté por Mark Murtra como presidente em janeiro do ano passado.

A bateria de perguntas termina com uma pergunta sobre a coerência executiva: “Como é possível que a demissão em massa de milhares de trabalhadores seja proposta numa empresa cujo conselho de administração faz parte do mesmo governo que afirma que a economia espanhola está a crescer como um foguete?”