O presidente russo, Vladimir Putin, comentou pela primeira vez o plano de paz de 28 pontos proposto pela Casa Branca. Numa reunião com o Conselho de Segurança em Moscovo, o líder disse o que Donald Trump queria ouvir, que a iniciativa lhe parecia “a base para a paz”, mas não se comprometeu a apoiar a proposta porque acreditava que poderia alcançar todos os seus objetivos derrotando Kiev. “(A recusa da Ucrânia em se render) permite-nos atingir os nossos objectivos através de meios militares, através da luta armada. Estamos prontos para o diálogo para alcançar uma solução pacífica para os problemas, mas isso requer uma análise exaustiva de todos os detalhes do plano proposto. Estamos prontos para isso”, disse o líder russo.
“Penso que isto poderia lançar as bases para um acordo de paz final (na Ucrânia), mas este texto não foi discutido em detalhe connosco”, disse Putin, que, embora pedindo tempo, aproveitou a oportunidade para colocar toda a pressão sobre o seu rival Vladimir Zelensky, a quem Washington deu uma semana para tomar uma decisão.
“A administração dos EUA ainda não obteve o consentimento do lado ucraniano. A Ucrânia está contra”, acrescentou o presidente russo, ignorando o facto de a própria Casa Branca ter dito que, ao preparar estas propostas, esteve em contacto tanto com Moscovo como com Kiev.
Putin considerou a iniciativa da Casa Branca uma “atualização” das propostas que Donald Trump fez na reunião de agosto no Alasca. Segundo o líder, estas medidas “contaram com o apoio dos parceiros da Rússia”, embora Moscovo tenha sempre mantido uma posição intransigente: tanto Putin como os seus ministros repetiram repetidamente nestes meses que só concordarão com uma paz que resolva o que consideram as “raízes profundas do conflito”. Ou seja, deixar a Ucrânia sob a sua esfera de influência e desarmada.
Putin sinalizou aos membros do seu Conselho de Segurança que Moscovo pode estar disposto a fazer algumas concessões. “O lado americano pediu-nos que assumissemos certas obrigações, para mostrarmos, como disseram, flexibilidade”, disse Putin, antes de garantir que “a Rússia está pronta para ter uma discussão substantiva sobre todos os detalhes do plano de paz proposto para a Ucrânia”.