Login, microteatro, millennial e turistafobia são algumas das palavras que a Real Academia Espanhola (RAE) incluiu no Dicionário da Língua Espanhola (DLE). No evento desta segunda-feira pela manhã, a instituição apresentou a versão digital 23.8.1 do texto, uma prévia do trabalho desenvolvido pelas academias de idiomas ao longo deste ano e que serviu de prelúdio para a publicação da 24ª edição do DLE. São novas vozes que estão sujeitas “à pequena revolução das palavras provocada pelo advento da tecnologia. Isto tem um impacto enorme na língua e não acontece com muita frequência”, explicou Elena Zamora, chefe do Instituto de Lexicografia, diretora da RAE e presidente da Associação de Academias de Língua Espanhola (ASALE) Santiago Muñoz Machado.
Zamora traçou as principais direções de trabalho que nortearam esta nova versão eletrônica e seu alinhamento com o processo de atualização do dicionário normativo. E também expliquei as inclusões por campos semânticos: o campo da ciência e da medicina é um dos que mais contribuem com termos novos, como doença rosácea, autovacina ou gráviton. Não só a ciência real tem lugar nas notícias: o termo “teletransporte quântico” vem da ficção científica.
Outro campo semântico que está tendo um enorme impacto é o mundo digital. Da Internet e de seus arredores vêm vozes como logearse (totalmente adaptável à grafia espanhola) e palavras estrangeiras rudes como GIFs, hashtag, boletim informativo ou transmissão. Estas não são as únicas inovações: por exemplo, no domínio das redes sociais, é adicionada uma nova definição para “atalho”, e o mesmo acontece com “direto”. Do jornalismo vieram as “fotonotícias”. Das artes performativas surgiram o “microteatro” e o “tapete vermelho”. E os “nunchucks” (os famosos bastões de luta amarrados de Bruce Lee) vieram do mundo das artes marciais. Também aparecem Comecocos do mundo dos videogames.
“Make a Simpa” também está incluído no DLE. E também a sua versão argentina: adeus. Outra palavra que Zamora diz que chegará às manchetes como um “fenômeno crescente devido à consciência ambiental”: “turismofobia”. Eles também têm muita consciência ambiental e do crufoodismo e seus derivados: dieta de alimentos crus e dieta de alimentos crus. “Nenhum desses desenvolvimentos é capricho dos cientistas”, disse Muñoz Machado, “como alguns sugeriram”. O diretor traçou o processo de exploração e inclusão de novas vozes, desde o Instituto de Lexicografia (que avalia os pedidos) até as objeções das academias americanas. “Tudo acontece através de um processo complexo”, explicou.
“Muitas propostas vêm de instituições, bem como de indivíduos e cientistas”, disse Zamora, referindo-se ao processo interno de análise e verificação lexicográfica. A nova versão do DLE inclui alterações, ajustes e novas adições lexicais. No total, “cerca de 330 novos empreendimentos”, afirmou o especialista. A apresentação desta versão eletrônica reafirmou o papel central do DLE como publicação de referência para milhões de apresentadores e profissionais, e também deu uma prévia de algumas das novidades que serão apresentadas na próxima edição impressa, que será lançada no próximo ano.
Discutir
A última polêmica girou em torno das aparências: o confronto entre a RAE e o Instituto Cervantes, cujo diretor Luis García Montero indiciou Muñoz Machado em outubro (“A RAE está nas mãos de um especialista em negócios de seu escritório para empresas multimilionárias”, disse na época) e na semana passada o acusou de tentar impor o Panamá como sede do próximo Congresso de Línguas (CILE).
Muñoz Machado não entrou em detalhes, mas observou algo sobre o próximo CILE: “O Congresso do Panamá completou a sua primeira fase, ou seja, as academias concordaram com um local. O governo panamenho ainda não chegou a um acordo com o governo espanhol. Ainda faltam passos, mas sim, é normal que eventualmente seja realizado no Panamá”. Se tudo correr conforme o planejado, isso acontecerá em 2028.