Rodolfo Vieira e Bo Nickal finalmente se enfrentam no octógono neste sábado para disputar a fase preliminar do UFC 322, no Madison Square Garden, e é uma luta que intriga a lenda do jiu-jitsu.
O UFC queria marcar esse confronto para o card final do MSG em novembro de 2024, mas Vieira estava com uma lesão na mão na época. Muita coisa mudou desde então: Vieira agora treina na academia The Fighting Nerds, em São Paulo, e Nickal não é mais um peso médio invicto, mas Vieira ainda o vê como um estilo complicado de se preparar.
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“É uma luta muito grande, certo?” Vieira disse ao MMA Fighting. “Acho que será o maior – eu pensarnão, isso podemos será a maior luta da minha carreira. E também um dos mais pesados.”
Nickal gerou muito entusiasmo em novembro passado, vencendo na decisão o experiente Paul Craig. O condecorado lutador voltou à ação em maio, mas perdeu por nocaute no segundo round para Reinier de Ridder. Agora confrontado com Nickal sob pressão, em vez de uma perspectiva totalmente sensacionalista, Vieira diz que isso só o torna mais perigoso.
“Eu poderia ter ficado realmente surpreso com o ataque dele, que ele mostrou muito bem contra Paul Craig”, disse Vieira. “Não acho que desta vez haja tanto entusiasmo dos fãs ou da crítica, mas encaro essa luta com muita seriedade, como sempre, e espero um adversário completo. Não estou focando na última luta dele ou onde ele não teve o desempenho de antes.
“Estudamos todas as lutas dele, não só essa. Para mim nada muda. Nem a derrota, nem o nocaute, nem as fraquezas que ele mostrou. Estou me preparando como se estivesse lutando contra o mesmo Bo Nickal de antes, com todo aquele hype atrás dele. Estou me preparando para tudo, porque tudo pode acontecer nessa luta. Ele pode tentar me derrubar, ou pode querer se levantar e agir. Na verdade é difícil prever porque ele mostrou que é um lutador bastante completo.”
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Nickal é um dos lutadores mais talentosos que já fez a transição para o MMA, vencendo três campeonatos de luta livre da NCAA e depois fazendo duas aparições no Série concorrente de Dana White antes de uma largada de 4 a 0 no UFC. Já Vieira é multicampeão de jiu-jitsu e medalhista de ouro do ADCC e não costuma ser ameaçado de quedas no MMA.
“Acho que a única maneira de ele não me derrubar é se ele não quiser”, riu Vieira. “Vou estar preparado, sabe? Treinei muito jiu-jitsu, muito na guarda, porque sei que tem muita chance de isso acontecer. Isso é MMA. Não posso entrar aí pensando que ele só vai atirar quedas e depois ser pego com um grande overhand ou cruzado porque ele arremessa forte e me nocauteia. Estou preparado para qualquer coisa. Se ele me derrubar, estarei pronto para lutar a partir daí. Isso seria basicamente isso.” Essa é a primeira vez (levo nocauteado) porque em todas as minhas lutas sempre fui eu que me preparei para derrubar o adversário. Mas desta vez é um pouco diferente porque sabemos o quão bom é o wrestling dele. Há uma boa chance de eu acabar por baixo, mas também há uma boa chance de eu raspar ou voltar para cima. É por isso que me coloco muito nessas posições durante os treinos.
Vieira venceu Tresean Gore por decisão em agosto – sua estreia como membro do The Fighting Nerds – para se recuperar de uma derrota por decisão para Andre Petroski. Com cartel de 6 a 3 no UFC, Vieira comemora entrar no jaula três vezes por ano, uma novidade para ele no MMA porque você aprende treinando, mas “cresce e evolui muito” com as lutas.
“Essa luta, independente do resultado, vai me levar a outro patamar”, disse Vieira. “Faço tudo que posso porque ele está se tornando um lutador imprevisível, e isso é perigoso. Quando você luta contra um atacante, você sabe que ele nunca vai tentar te derrubar, ele vai socar e chutar.
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O UFC foi construído em torno da premissa de que o jiu-jitsu é a melhor arte marcial, e Royce Gracie conseguiu provar isso em 1993. Três décadas depois, Vieira disse que derrubar um campeão da NCAA seria um bom motivo para se orgulhar.
“Inscrever alguém me deixa super feliz e orgulhoso”, disse Vieira, “mas submeter alguém desse calibre seria outra coisa. Com certeza seria motivo de muita comemoração e orgulho do meu trabalho”.
Para se preparar para essa tarefa, Vieira teve a oportunidade de dividir os tatames e conversar com um homem que já fez isso muitas vezes: Demian Maia, duas vezes desafiante ao título do UFC e que derrotou nomes como Chael Sonnen e Ben Askren no UFC.
Vieira escolheu o cérebro de Maia antes do UFC 322.
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“Foi uma experiência incrivelmente positiva para mim e para minha carreira”, disse Vieira sobre o treinamento em São Paulo, Brasil. “Já havíamos treinado juntos na Coreia do Sul, em um evento em que eu estava lutando. Ele estava lá porque era patrocinado pela mesma marca. Fizemos uma sessão de kimono leve já que eu estava prestes a lutar, então tivemos que ir com calma. Mas dessa vez foi um treino duro e pude sentir o quão bom ele ainda é. Super técnico, super preciso. Pude ver isso em primeira mão.”
“Também conversamos muito. Gostei muito de treinar com ele e conhecer sua maneira de pensar. Conversando com ele, pude ver porque seu jogo de wrestling era tão dominante. Ele conseguiu impor isso a todos – atacantes, lutadores, oponentes de alto nível. Acho que é porque ele realmente acreditava em seu estilo e treinava todos os dias. Mesmo quando ele estava no boxe, ele incorporava quedas e trabalhos de clinching. Ele não era alguém que só lutava ou lutava ocasionalmente. Ele trabalhava nisso todos os dias e refinava continuamente o que ele era bom. Acho que essa foi a chave para o sucesso de sua carreira.