A psicóloga clínica e especialista em parentalidade Dra. Martha Deiros Collado diz que os pais evitam formar laços emocionais mais profundos com os filhos, mas a solução é fácil.
Se você já ficou constrangido com a ideia de fazer vozes bobas na hora de dormir ou fingir ser um pirata durante uma brincadeira, você não está sozinho. Um novo estudo descobriu que quase metade dos pais britânicos (49%) sentem-se demasiado constrangidos para se envolverem em brincadeiras imaginativas com os seus filhos, e mais de um quarto (26%) admitem que se sentem “estúpidos” ao fazê-lo.
Desde vozes engraçadas (17%) e dança (19%) até vestir-se bem (21%) ou brincar de esconde-esconde (14%), milhões de mães e pais dizem que se sentem desconfortáveis em deixar sua criança interior correr livremente, enquanto quase metade (43%) até recusou o pedido de uma criança para brincar porque o jogo exigia “muita imaginação”.
Mas de acordo com a psicóloga clínica e especialista em parentalidade Dra. Martha Deiros Collado, esta relutância está a impedir os pais de formarem laços emocionais mais profundos com os seus filhos, e a solução é mais fácil (e menos embaraçosa) do que se imagina.
“À medida que o cérebro adulto amadurece, perdemos a fluidez necessária para entrar facilmente em mundos imaginários”, explica a Dra. “O jogo pode ser desconfortável não porque os pais duvidem do seu valor, mas porque provoca sentimentos de vergonha e timidez”.
A pesquisa, encomendada pela Patrulha Canina, descobriu que mais de metade (54%) dos pais admitem que têm dificuldade em pensar de forma divertida, enquanto 55% invejam outros que parecem naturalmente criativos. No entanto, as recompensas são inegáveis: 61% dizem que os seus filhos ficam visivelmente mais felizes quando brincam juntos e 59% sentem-se mais próximos dos filhos depois disso.
Então, como você pode superar o desconforto e realmente aproveitar a brincadeira? A Dra. Martha diz que o segredo está em cinco mudanças simples de mentalidade que podem ajudar até os pais mais relutantes a redescobrir seu lado lúdico.
Reserve “tempo de jogo” dedicado
Comece aos poucos: até 10 minutos podem fazer a diferença. “Crie períodos curtos e regulares em que o único objetivo seja brincar juntos”, diz a Dra. Martha. “Defina um cronômetro, se isso ajudar. Saber que é só por um tempinho pode tornar mais fácil relaxar e estar presente.”
Deixe seu filho tomar a iniciativa
Não há necessidade de inventar histórias ou personagens elaborados. “A melhor forma de brincar é deixar seu filho te guiar”, explica. “Fale o que você vê, reaja com curiosidade e siga suas dicas. Você está se juntando ao mundo deles, é isso que importa.”
Pense nisso como “tempo de conexão”, não como “tempo de jogo”.
Se o trocadilho faz você se encolher, reformule-o como um tempo juntos. “Quando você entra no mundo do seu filho, você não está apenas sendo bobo, você está construindo confiança e empatia”, diz a Dra. Martha. “É uma janela para como eles veem o mundo.”
Não tenha medo de cometer erros
Você está preocupado que seu filho lhe diga que você está agindo errado? Aceite isso. “Brincar tem tudo a ver com flexibilidade”, diz a Dra. Martha. “Quando eles corrigirem você, faça disso parte da diversão. Isso ensina resiliência e dá a ambos permissão para rir dos erros.”
Esteja totalmente presente
Guarde seu telefone, literalmente. “É mais fácil interagir quando as distrações estão fora de vista”, diz ele. “Jogue sem tela por alguns minutos e veja como você se sente fundamentado depois e o quanto seu filho se ilumina com sua atenção.”
Não é nenhuma surpresa que dois terços (66%) dos pais admitem sentir “culpa do pai”, muitas vezes comparando-se com outras pessoas no parque infantil ou online.
Mas a Dra. Martha insiste que não se trata de ser perfeito, apenas de estar presente. “As crianças não precisam de pais que saibam atuar, cantar ou dançar”, diz ela. “Eles só precisam que os pais apareçam, mesmo que se sintam um pouco bobos fazendo isso.”