A Telefónica lançou um golpe para garantir a sua liderança a longo prazo no mercado audiovisual espanhol. A empresa, liderada por Marc Murtra, garantiu os direitos de transmissão de todas as competições de clubes da UEFA em Espanha até 2031 por 1,464 milhões de euros. O acordo permite à operadora manter a joia da coroa do conteúdo desportivo na sua rede: a Liga dos Campeões, bem como a Liga Europa, Liga Conferência, Liga Juvenil e Supertaça Europeia.
O novo contrato abrange quatro temporadas consecutivas (de 2027/2028 a 2030/2031), quebrando a dinâmica anterior de premiação de três anos. O custo anual para a tesouraria das telecomunicações será de 366 milhões de euros, representando um aumento de 14% face ao contrato actual, também nas mãos da Telefónica.
Com este prémio, a Telefónica confirma o seu domínio na gestão de direitos audiovisuais, tendo já adquirido os direitos do ciclo anterior, que abrangeu a temporada 2024–25–2026–2027, por 960 milhões de euros, fixando um valor médio anual de 320 milhões. O valor representa um ligeiro ajustamento em baixa nos preços dos conteúdos em comparação com o período de três anos anterior, período de mesma duração pelo qual a operadora pagou 975 milhões de euros.
No entanto, os números não são totalmente comparáveis, pois neste caso a UEFA decidiu oferecer um pacote global – sem segmentação por país ou mercado regional – que cobre todos os direitos de transmissão do planeta para um jogo num dia de jogo, escolhendo aquele considerado mais visível ou atraente.
UC3, consórcio Entre a UEFA e a Associação Europeia de Clubes (EFC), que vende estes direitos juntamente com a Relevent, o vencedor do jogo desse dia ainda não foi revelado. As previsões mostram que o pacote será ganho por uma grande plataforma OTT (como Amazon Prime, DAZN ou Netflix), pelo que a Telefónica será forçada a negociar com o licitante vencedor se pretende continuar a garantir aos seus clientes uma oferta completa da Liga dos Campeões.
Para a UEFA, a comercialização deste ciclo de direitos coincidirá com a entrada em vigor do novo formato da Liga dos Campeões, que acrescentará quatro equipas e uma nova estrutura de jogos. O órgão dirigente do futebol europeu tem procurado aumentar as receitas de direitos televisivos com esta nova fórmula concebida para contrariar os desafios da Superliga liderada pelo Real Madrid.
Clientes premium
Apesar do aumento de preços, a medida é estratégica para a Telefónica, que pretende evitar uma fuga de clientes para outras plataformas e garantir a estabilidade da sua oferta premium durante quase uma década face aos seus principais concorrentes, especialmente a MasOrange, à qual vendeu os direitos, revendendo-os a cada temporada.
A manutenção desses direitos não é apenas uma questão de audiência, mas também de rentabilidade de cada usuário. O futebol provou ser o meio mais eficaz de atrair e reter o segmento com maiores gastos do mercado espanhol. Com pacotes que incluem conectividade e conteúdos exclusivos, como mais de 140 jogos da Liga dos Campeões por ano, a Movistar atinge uma receita média por utilizador (ARPU) superior a 90 euros por mês.
Este valor representa uma distância significativa de concorrentes diretos como a MasOrange, cujo rendimento médio ronda os 52 euros, demonstrando que os utilizadores de futebol são menos sensíveis aos preços e mais leais à marca. E isso distancia-se da proposta orçamental liderada pela Digi, cujo ARPU não chega aos 8 euros mensais.
Controle total de produção e emissões
O acordo garante à Movistar Plus+ controle editorial absoluto sobre as transmissões. Isso significa que a plataforma manterá identidade visual própria, equipe de contadores de histórias e programas analíticos, o que a diferenciará das transmissões padronizadas.
Além disso, a Telefónica está adaptando a radiodifusão aos novos hábitos de consumo. Os usuários poderão ver as partidas em vários dispositivos (tablets)Paras, telefones celulares, Smart TV) dentro e fora de casa.
A operadora relançou o Movistar Plus+ há duas semanas com uma oferta atualizada que inclui a transmissão de um canal de eventos desportivos, incluindo alguns jogos destas competições, por 11 euros mensais para os assinantes da empresa e, numa grande novidade, aberto também a não clientes por 14 euros mensais.