Há histórias que Hollywood prefere manter trancadas a sete chaves. Entre elas está a famosa polêmica de Richard Gere, já com três décadas, da qual ele ainda se lembra como se fosse ontem. Ator, amigo pessoal do Dalai Lama e defensor independência … do Tibeteprotagonizou então um dos gestos mais comentados da década de 1990: denunciar publicamente a ocupação do Tibete pela China e as violações dos direitos humanos e pedir à China que retirasse as suas tropas. Um discurso que deixou a Academia extremamente desconfortável.
“Não pensei que houvesse bandidos nesta situação. Faço o que faço e definitivamente não quero machucar ninguém. Pretendo ferir a raiva. Pretendo quebrar a exceção. Pretendo causar danos às violações dos direitos humanos, mas Tento permanecer o mais fiel possível à ideia de Sua Santidade.…que todos podem ser redimidos e, no final, ou cada um de nós deve ser redimido, ou nenhum de nós. Então, nesse sentido, não levo para o lado pessoal”, admitiu o ator em entrevista.
Gala do Óscar
Para nos apresentarmos, devemos regressar a meados dos anos noventa: um tapete vermelho com glamour maximalista, jóias que parecem ter sido herdadas das rainhas húngaras e fatos masculinos com lapelas largas ditadas por cânones pré-digitais. Richard Gere, já um dos rostos mais reconhecidos do planeta graças aos seus filmes “Uma Linda Mulher” e “Um Oficial e um Cavalheiro”, subiu ao palco do Oscar como apresentador.
“Não pensei que houvesse bandidos nesta situação. Faço o que faço e é claro que não quero machucar ninguém.”
O que aconteceu a seguir pertence ao panteão dos momentos de gala inesperados: Gere usou o microfone para pedir à China que deixasse o povo do Tibete “viver novamente como um povo livre e independente”. Como já mencionado, os organizadores não gostaram muito das suas palavras. Enquanto alguns espectadores aplaudiram a sua bravura, a indústria respondeu com o tipo de contenção que só os mestres de Hollywood, sorrindo educadamente em público, sussurram nos corredores.
A partir desse momento começou a se espalhar a ideia de que Gere estava proibido de participar da cerimônia do Oscar. Contudo, o que realmente houve antes um esfriamento institucional: menos convites, menos presença, mais distanciamento.. Nada oficial, nada assinado, nada escrito. É apenas aquele rótulo invisível que Hollywood coloca naqueles que quebram o roteiro na vida real.
Com o tempo, a própria Academia mudou seus códigos. Hoje você costuma ver discursos intensos, apelos à ação e uma posição clara. Mas Gere estava à frente de seu tempo.
O suposto veto não conseguiu impedir o que Gere sempre foi: um ator com um pé no Tibete espiritual e outro no tapete vermelho. Sua carreira seguiu em frente combinando cinema comercial com projetos independentes e humanitários. Gere está atualmente promovendo um documentário, A Sabedoria da Felicidade, baseado especificamente na vida do líder espiritual de 89 anos. “Devo dedicar minhas últimas forças para representá-lo. Pelo menos isso deixará uma marca na mente de quem o vê.