dezembro 15, 2025
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O Ministro dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albarez, junta-se à Alta Representante Kaia Callas e aos seus homólogos europeus em Bruxelas.

– François LENOIR // CONSELHO EUROPEU

BRUXELAS, 15 de dezembro (EUROPE PRESS) –

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia pediram esta segunda-feira que a Ucrânia tenha garantias de segurança “tangíveis”, incluindo a presença de tropas e capacidades militares, para poder repelir futuros ataques da Rússia.

Antes de uma reunião de relações exteriores em Bruxelas que discutirá garantias de segurança específicas que deveriam ser oferecidas à Ucrânia, a chefe de política externa da UE, Kaja Kallas, apelou a garantias de segurança “tangíveis”. “Não podem ser papéis ou promessas”, afirmou em declarações à chegada.

A reunião coincide com as conversações de paz lideradas pelos EUA, bem como com a viagem do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a Berlim para se encontrar com o chanceler alemão, Friedrich Merz, e outros líderes europeus.

Segundo Kallas, as garantias envolvem “tropas e capacidades reais” para que a Ucrânia possa defender-se contra futuros ataques do presidente russo, Vladimir Putin. “Devemos compreender que o Donbass não é o objetivo final de Putin. Se ele conseguir o Donbass, a fortaleza cairá e eles definitivamente avançarão para conquistar toda a Ucrânia”, alertou.

Neste sentido, o antigo primeiro-ministro da Estónia observou que se a Ucrânia cair, “outras regiões também estarão em perigo”. “Sabemos disso pela história e devemos aprender com ela”, disse ele.

GARANTIAS DE SEGURANÇA COM O GUARDA-CHUVA NUCLEAR

Do lado lituano, Kestutis Budrys defendeu que a Ucrânia tivesse garantias semelhantes ao Artigo 5 da NATO, incluindo um guarda-chuva nuclear. “Isto seria plausível, como no caso da NATO. Todos entendemos que a dissuasão funciona desde que a dissuasão nuclear alargada seja eficaz”, disse ele, assegurando que havia o risco de Moscovo usar a coerção nuclear contra a Ucrânia.

“Não podemos deixar isto de lado e confiar apenas no que as forças convencionais pensam sobre possíveis cenários futuros”, insistiu.

A este respeito, o representante polaco Marcin Bosacki observou que os Estados Unidos e a Europa estão “convergindo gradualmente” em questões de apoio à segurança de Kiev. “Esperamos boas notícias e, se vierem tão cedo, talvez ainda esta semana, serão anunciadas hoje em Berlim”, explicou sobre as conversações convocadas por Merz na capital alemã.

Do lado luxemburguês, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Xavier Bettel, alertou que a Rússia apenas procura “colocar a Ucrânia de joelhos” e torná-la “o mais fraca possível durante as negociações”. “Às vezes parece que estão desistindo de tudo pelo que lutaram nos últimos anos e isso não seria bom”, refletiu.

“A Estónia está pronta para partilhar garantias e suportar o fardo porque é isso que temos de fazer, mas também temos de compreender que os activos russos congelados serão a primeira ronda de garantias”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia, Margus Tsahkna, que sinalizou a vontade de contribuir com tropas assim que ficar claro se os Estados Unidos apoiam as garantias.

Entretanto, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Letónia, Baiba Brase, lamentou que a Rússia ainda não leve a sério as negociações de paz. “Eles só querem dividir e escolher, que a NATO seja dividida, que a UE seja dividida”, disse ele.

Depois de a recusa da Ucrânia em aderir à NATO ter sido levada à mesa de paz, o ministro letão, um antigo alto funcionário da aliança, insistiu que o tratado da NATO “permanece em vigor” “mas será a Ucrânia quem decidirá se continuará a aderir ou não”.

Sobre a mesma questão, o ministro dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albarez, sublinhou que a adesão à NATO “é uma discussão que é da responsabilidade exclusiva da NATO e dos aliados”. “Se o Presidente Zelensky tomar uma decisão soberana como presidente legalmente eleito da Ucrânia, irei respeitá-la da mesma forma que qualquer decisão de adesão”, concluiu.

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