No coração da Ribeira Sacra fica Cristosende, uma pequena aldeia com cerca de 40 habitantes localizada no topo do Monte Lede. Sua localização oferece vistas diretas do Seal Canyon, um vale profundo escavado na rocha e na água que forma uma paisagem ribeirinha de grande importância geográfica. As vinhas que rodeiam a aldeia acompanham a inclinação natural do terreno, fundindo-se com os edifícios históricos e o traçado das ruas, reflectindo a forma como a população adaptou os seus assentamentos ao meio ambiente.
O ambiente natural de Cristosende permite o desenvolvimento de percursos pedestres que passam tanto pelo desfiladeiro como pela zona envolvente da vila. Estes percursos apresentam vinhas, terrenos distintos e edifícios de valor histórico, combinando experiências agrícolas e históricas.
A elevação e a orientação rodoviária da aldeia oferecem vários mirantes sobre Seal Canyon, tornando a visita um roteiro que combina paisagem, património e atividades rurais, acessíveis durante todo o ano, independentemente das condições meteorológicas.
Cristosende e o seu legado no topo do Monte Lede
Entre os edifícios mais importantes de Cristosende encontra-se o solar do século XVI conhecido como Casa Grande, que conserva um pátio e atualmente é utilizado para alojamento e serviços de restauração. A igreja paroquial de Santa Maria faz parte do património histórico da cidade, juntamente com diversas casas que foram restauradas mantendo a sua estrutura original.
O traçado da aldeia permite o aproveitamento das encostas do terreno para o cultivo da vinha, elemento característico da paisagem agrícola da região. A orientação e elevação de Cristosende oferecem vistas diretas do Seal Canyon, um ambiente natural que combina atividades rurais com conservação ambiental. A relação entre a arquitectura histórica e o ambiente natural reflecte a adaptação do povoamento ao terreno e a continuidade da vida numa pequena área rural.
A poucos quilómetros da aldeia encontra-se a Fabrica da Luz, uma antiga central hidroeléctrica que foi convertida em albergue. Este ponto serve de acesso a um dos percursos mais famosos da zona, o percurso das Pontes Pedonais do Rio Mao, que permite aos visitantes explorar parte do desfiladeiro, bem como observar patrimónios próximos, como a necrópole de San Vitor de Barjacova e outras aldeias próximas. A integração desta infraestrutura com a rede de trilhos facilita as ligações entre o património histórico, as atividades agrícolas e a paisagem fluvial.
Percurso pelas trilhas do Rio Mao
O passeio começa na Fábrica da Luz, uma antiga central hidroeléctrica convertida em hostel, de onde se acede aos percursos pedestres que atravessam o desfiladeiro do rio Mao até à sua foz no rio Sil. Ao longo do caminho, é possível observar vistas do cânion e parar em painéis interpretativos que oferecem informações sobre a flora e a fauna do ambiente, enriquecendo a experiência do visitante.
Este caminho faz parte do PR-G 177, um percurso circular de cerca de 16 quilómetros que permite subir o desfiladeiro, visitar a necrópole medieval de San Lorenzo de Barjacova e visitar várias aldeias da zona. O percurso combina troços íngremes e troços mais suaves através do desfiladeiro do rio Mao e através de campos e pastagens, oferecendo diferentes tipos de terreno ao longo do percurso.
Existem opções de percurso para quem pretende evitar o troço mais íngreme entre Fabrica da Luz e San Lorenzo, incluindo um início circular a partir desta aldeia e uma opção mais curta, com cerca de 550 metros, que atravessa Meder Sutos. Em todos os casos, o percurso combina o património histórico, a vinha e a paisagem fluvial, permitindo explorar a relação entre as atividades humanas e o ambiente natural da Ribeira Sacra.